Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O impacto social causado pelos projetos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são analisados pela diretoria do banco, que estuda formas de reduzir os efeitos colaterais de algumas obras. “Um grande empreendimento normalmente produz muitos empregos em determinado momento. Mas depois que ele é implantado, permanecem poucos empregados na operação", analisa o diretor das Áreas de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar. "Isso costuma gerar um cinturão de pobreza no entorno dos projetos industriais de grande porte ou projetos de infra-estrutura”.Para evitar esse problema, Gaspar afirma que o BNDES discute projetos paralelos que possam distribuir de alguma forma a riqueza produzida pelas grandes obras. Neste momento, isso ocorre, segundo ele, com projetos em torno do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Compet) e do porto de Suape, no litoral pernambucano.Em Pernambuco, a ampliação do sistema de produção de água de Pirapama vai garantir o abastecimento de água no Complexo Industrial e Portuário de Suape. Estão previstas a implantação de uma nova Estação de Tratamento de Água (ETA); recuperação da ETA Gurjaú; recuperação e ampliação da estação elevatória de água tratada; construção de adutora com 6.898 metros de extensão e de reservatório com capacidade de 1.200 metros cúbicos; e implantação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).“Nós estamos fazendo uma articulação com o Ministério das Cidades, a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás, que são os demais sócios nos projetos, para discutir o que serão os projetos de saneamento, habitação, mobilidade urbana que nós vamos apoiar nos municípios para que o impacto desses projetos de grande porte seja o melhor possível”, manifestou.O diretor do BNDES enfatizou que não se trata somente de minorar o “efeito perverso”. “Como o projeto traz um efeito riqueza muito forte, é aproveitar esse momento e aumentar a velocidade de distribuição disso para a população. Então, nós estamos atacando o desenvolvimento regional no entorno dos grandes projetos industriais e de infra-estrutura, além dos Arranjos produtivos locais (APLs)”. Os APLs são aglomerações de pessoas com a mesma vocação econômica.Ao entrar em operação, o Comperj deverá levar a uma substancial expansão da oferta de produtos petroquímicos básicos (olefinas e aromáticos), a partir do petróleo nacional pesado, afirma o BNDES. O pólo petroquímico do Rio vai utilizar como matérias-primas etano e propano derivados do gás natural, extraídos pela Petrobras na Bacia de Campos.Para isso, o BNDES conta com um elemento denominado sub-crédito social. “Nesses grandes projetos, a gente incentiva fortemente o tomador do empréstimo, para que ele também tome um pouco mais do que pediu para apoiar algum projeto social na comunidade onde ele vai se instalar”, explicou o diretor.Essa prática já existia no banco e foi revisada em 2005 com o objetivo de dar uma identidade com os programas sociais do governo federal, disse Gaspar. “Isso está em funcionamento, tem dado certo, tem aumentado o valor. Na verdade, o que a gente está fazendo é financiar a responsabilidade social das empresas, como a construção de moradias para os funcionários, como a implantação de serviços públicos nos municípios onde elas se instalam que, em geral, são municípios pobres, até que consigam, com a receita que vão receber por todos esses serviços, se adiantarem”, explicou.Outra vantagem dos empreendimentos financiados pelo BNDES, segundo Gaspar, é a geração de empregos com maior qualidade. As 9.839 empresas apoiadas pelo banco, segundo ele, tiveram uma taxa de crescimento do emprego de 5,1% ao ano, no período 2001/2005, superando em cerca de dois pontos percentuais as empresas não apoiadas, cujo crescimento atingiu 3,3% ao ano.