Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para que o Brasil alcance uma posição de competitividade na manipulação de seresvivos para fins industriais, a nova política de biotecnologia do governofederal precisará promover a integração do conhecimento popular com aspesquisas acadêmicas. A avaliação é da bióloga Luiza Chomenko, do Museu deCiências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.Em entrevista hoje (9) ao programa Revista Brasil, da RádioNacional, a bióloga, que também é pesquisadora da Sociedade Brasileirapara o Progresso da Ciência (SBPC), afirmou que o Brasil terá de encontrarmaneiras de tornar públicos os conhecimentos das populações locais para tirarproveito da biodiversidade. “O Brasil tem um dos maiores potenciais nessa áreaem todo o mundo, mas ainda não encontrou um meio de explorá-lo”, disse Luiza.De acordo com a pesquisadora, o país precisa “olhar para dentro”, para sabercomo tirar proveito das substâncias extraídas da fauna e da flora industriais.“Os conhecimentos tradicionais, muitas vezes, estão com as pessoas mais simplesde uma região e não chegam ao topo da cadeia, de uma pesquisa científica”,afirmou.Para Luiza Chomenko, outro desafio consiste em transformar as tradiçõeslocais em um produto ou serviço que traga benefício para a sociedade. “Além depegar esses saberes, os pesquisadores têm de reverter esses conhecimentos parao conjunto da população, para que não se restrinjam a meia dúzia de pessoas ouempresas”.Na opinião da bióloga, a preservação do meio ambiente representa um elementoessencial para desenvolver a biotecnologia no Brasil. Chomenko enfatiza que o país possui um grande diferencial da nação em relação ao resto do planeta por conta de suas riquezas e diversidade, que existem na Amazônia, nos pampas gaúchos ou no cerrado. "Mas queestão sendo destruídos", salientou.A pesquisadora destacou também o papel das comunidades locais nessa preservação. “A população de umaregião tem de saber valorizar o patrimônio natural”, observou. “Essa é umaquestão não só de auto-estima, mas de soberania de um povo sobre a sua ciência,seu saber.”