Nova política mostra compromisso com biotecnologia, defende associação

09/02/2007 - 19h06

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de não definir projetos específicos nem estabelecer um cronograma, a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, lançada ontem (9) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aponta as intenções do governo com o setor, que emprega 28 mil pessoas em todo o país e fatura entre R$ 5,4 bilhões e R$ 9 bilhões por ano. Essa é a opinião do diretor-geral da Associação Brasileira das Empresas de Biotecnologia (Abrabi), Eduardo Emrich.Emrich considera ousada a meta de transformar, nos próximos dez anos, o Brasil em um dos cinco maiores países produtores de biotecnologia – uso de genes ou compostos tirados de seres vivos em bens como medicamentos, vacinas ou produtos agrícolas. No entanto, ele diz que a criação do Comitê Nacional de Biotecnologia vai proporcionar um ambiente mais confiável para investimentos.“A criação da política, que era uma reivindicação antiga do setor, pelo menos indica um compromisso e dá um norte para as cerca de 300 empresas privadas que atuam nessa área”, avalia o diretor da Abrabi. A previsão do governo é que, dos R$ 10 bilhões a serem investidos em biotecnologia nos próximos dez anos, 40% venham da iniciativa privada. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, a contrapartida do setor privado pode chegar até a 50% dos recursos após a implementação da política.Para o diretor da Abrabi, a soja transgênica e a exploração do biodiesel e do etanol deram a impressão de que a biotecnologia está avançada em nível comercial no Brasil. No entanto, ele diz que a realidade é diferente para as outras áreas. “Na saúde humana, por exemplo, as empresas privadas nacionais ainda estão engatinhando em relação a muitos países”, constata.Na avaliação de Emrich, o principal mérito da nova política consistirá em aproximar as empresas menores e as grandes indústrias. “O que sempre faltou no Brasil foi alguém que fizesse essa ponte e permitisse que os fabricantes conhecessem as pesquisas desenvolvidas pelo setor privado”, ressalta.Pelas estatísticas da Abrabi, os negócios de pequeno e médio porte são responsáveis por 84% do setor de biotecnologia no país. Segundo Emrich, isso ocorre por causa da própria dinâmica do setor, cujas pesquisas e investimentos muitas vezes não se transformam em negócios lucrativos. “Essa é uma atividade em que muitas pesquisas têm de ser abandonadas porque não deram o resultado esperado”, justifica.Emrich explica que, por causa desse nível de risco, as empresas do setor dificilmente atingem grande porte. Ele diz que esse fato tem de ser levado em conta pela nova política governamental. "Até agora, o governo indicou que vai dar atenção especial às pequenas e médias empresas, com mecanismos especiais de financiamento. Espero que isso ocorra", afirma.