Movimentos sociais realizam manifestação de solidariedade a Guaranis-Kaiowá

03/02/2007 - 13h14

Alex Rodrigues e Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representantes de entidades de trabalhadores e de defesa dos direitos humanos percorreram neste sábado as ruas do bairro Moreninha, em Campo Grande (MS), para manifestar solidariedade ao povo Guarani-Kaiowá e protestar contra a violência no campo. A manifestação foi organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).Além da manifestação de apoio, os movimentos sociais arrecadaram alimentos e roupas. Tudo será distribuído às famílias Guarani-Kaiowá que, segundo os organizadores do ato, passam graves dificuldades. Foram arrecadadas cerca de duas toneladas de alimento nas últimas duas semanas. A caminhada pelo bairro contou com a participação da escola de samba Catedráticos do Samba, cujo enredo deste ano trata da luta dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul.  No dia 9 de janeiro, 70 famílias Guarani-Kaiowá foram expulsas da fazenda Madama, também chamada pelos índios como tekoha (terra tradicional) Kurusu Amba. O local fica entre Amambai e Coronel Sapucaia, ambos no Mato Grosso do Sul.Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 50 famílias Guarani-Kaiowá haviam ocupado a fazenda no dia 4 de janeiro. Nos dias subseqüentes, outras pessoas da mesma etnia foram chegando ao local. Os Guarani-Kaiowá declaram ter sido expulsos da terra. A última retirada teria ocorrido há cerca de duas décadas.Durante a ação de seguranças particulares, Zulita Lopes, também conhecida como Xuretê, de 73 anos, foi morta. Um adolescente de 14 anos desapareceu; indígenas sofreram graves lesões corporais e quatro líderes indígenas foram presos.O adolescente continua desaparecido. As famílias temem que ele tenha sido assassinado. Segundo o coordenador do Cimi no Mato Grosso do Sul, Egon Heck, os índios temem sair à procura do jovem e serem vítimas de novas emboscadas.A Polícia Federal (PF) de Ponta Porã instaurou inquérito policial no dia 10 de janeiro para investigar a ação dos pistoleiros. Em uma primeira nota oficial, a PF divulgou que “as primeiras análises indicam que os disparos ocorreram durante confronto entre índios e funcionários da fazenda para desocupação desta. Uma das vias de acesso à Madama estava interditada, mesmo assim, foram realizadas perícias no local, sendo encontrado alguns rojões usados, cápsulas de munições deflagradas, arcos, flechas e um galpão incendiado”.