José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criouuma comissão de trabalho para buscar soluções contra o subsídio do governoargentino ao trigo, medida que estaria prejudicando os produtores de trigo efabricantes de farinha brasileiros. O grupo foi criado ontem (24), e confirmado hoje (25) pelo secretário de Política Agrícola doministério, Edílson Guimarães.O secretário é um dos integrantes da comissão, que contatambém com representantes da Associação Brasileira da Indústria do Trigo(Abitrigo), produtores e técnicos do ministério. O grupo de trabalho, segundoGuimarães, está estudando uma saída que evite prejuízos ao mercado brasileiro.Não há prazo para que se consiga uma solução contra a medida Argentina. De acordo com a Abitrigo, o governo argentino teriacongelado o preço interno da tonelagem de trigo em US$ 120, enquanto no Brasilo valor é de US$ 223,00. Além disso, ainda segundo a Abitrigo, o imposto deexportação na Argentina é de 10% - que contraria regras do Mercosul - e noBrasil de 20%.Ontem (24), o presidente da Abitrigo, Francisco SamuelHosken, juntamente com empresários do setor, esteve com o ministro daAgricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, quando pediu providências contra apolítica econômica com relação ao trigo do país vizinho. Hosken prevê umaquebradeira na cadeia produtiva nacional, caso o governo brasileiro não reaja.“Essa comissão vai buscar medidas cabíveis no curto prazocontra aquilo que consideramos uma afronta ao Brasil. Queremos medidascompensatórias do governo federal contra ossubsídios dados pelo governo argentino aos produtores locais.O subsídio chega a 30% emrelação à farinha e a 36% na mistura de trigo”, disse opresidente da Abitrigo.Hosken também esteve no Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, quando a associação protocolou o pedido demedidas compensatórias para a indústria nacional. Na próxima semana, a Abitrigo irá se reunir com produtoresdo Paraná e do Rio Grande do Sul para articular uma mobilização nacional “emprol da sobrevivência do mercado brasileiro”.A Embaixada da Argentina, em Brasília, foi procurada parafalar sobre o subsídio ao trigo. Em resposta, informou que ainda não há umaposição oficial do governo argentino sobre o assunto. No ano passado, o Brasil importou 6,6 milhões de toneladasde trigo argentino, no valor de US$ 800 milhões. A produção nacional representahoje apenas 50% do consumo interno.