Estudo do IBGE aponta Rondônia como campeão do desmatamento na Amazônia

25/01/2007 - 16h38

Luiza Bandeira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Pará é o estado que tem a maior área desmatada na regiãoAmazônica, com 207.085,5 quilômetros quadrados . Já no percentual de áreadesmatada em relação ao território, o estado com maior índice é o de Rondônia,28,50%, e o que tem a menor proporção de desmatamento é o Tocantins. As informações estão no primeiro trabalho impresso demapeamento da Amazônia, desde 1996. Pesquisadores do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE) levaram uma década para concluir os dez mapastemáticos produzidos como subsídio para a elaboração do Mapa Integrado dosZoneamentos Ecológico-Econômicos dos Estados da Amazônia Legal (ZEEs), noâmbito do Projeto Macrozoneamento da Amazônia Legal, da Secretaria deDesenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente. O ano base dereferência dos mapas é 2003, com exceção do mapa de zoneamentoecológico-econômico, que está mais atualizado. “É a primeira vez que se tem a consolidação de dados sobre a Amazônia, juntandoas diferentes informações num mesmo mapa, e isso é muito importante para oprocesso de planejamento da região amazônica. Esse planejamento ficará em cimados ZEEs, que vem sendo feitos pelos diferentes estados”, explicou a ministrado Meio Ambiente,  Marina Silva. Os ZEEs tem função normativa e permitem o planejamento territorial da regiãoamazônica. No mapa em que todos os ZEEs aparecem integrados, a Amazônia Legalestá dividida em áreas com estrutura produtivas definida ou por definir, áreasque precisam ser recuperadas ou reordenadas, além de áreas consideradasfrágeis, áreas onde há manejo florestal e áreas de proteção ambiental que jáexistem ou foram propostas. Além de ser um elemento de monitoramento,fiscalização e aplicação da lei, por meio dos zoneamentos podem ser propostasalternativas de uso sustentável dos recursos naturais e do aproveitamento daspotencialidades sociais e econômicas de cada estado, respeitando aspeculiaridades regionais. A Amazônia Legal tem uma extensão de aproximadamente 5 milhões  dequilômetros quadrados, constituindo 59% do território brasileiro.  A áreadesmatada acumulada, de acordo com dados do Instituto Nacional de PesquisaEspacial (Inpe), é superior a 660 mil quilômetros quadrados, aproximadamente13% da floresta da Amazônia Legal. Mesmo assim, o bioma amazônico mostra sinaisde resistência, percebidos na redução no nível de desmatamento da floresta,segundo o diretor de Geociências do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), Guido Gelli. “Há uma resistência por causa do próprio clima, das chuvas, da estrutura físicanas regiões da mata mais densa da floresta tropical úmida. O avanço da pecuáriae da agricultura já está freado pela própria resistência da floresta”, explicouGuido Gelli. A ministra do Meio Ambiente informou que o desmatamento vem sendo enfrentandocom plano de combate que tem orçamento de R$ 390 milhões até este ano e jáconseguiu redução de 52% no desmatamento. Ainda segundo ela, a redução no nívelde desmatamento evitou que fossem jogadas na atmosfera cerca de 120 milhões detoneladas de CO2, que representam 15% do que teria que ser reduzido nos últimosdois anos pelos países ricos. Os mapas que dão sustentação ao Mapa Integrado de ZEEs reúnem informaçõesdemográficas, sócio-econômicas e culturais que dizem respeito à Amazônia, e quepermitiram à criação de um banco de dados sobre a floresta. Alguns desses dadosforam colocados numa mesma base cartográfica pela primeira vez, o quepossibilitou a observação de novas tendências na região. Os mapas estãodisponíveis no site do instituto e serão entregues editados em papel a qualquerempresa pública ou privada que solicitar as informações ao IBGE ou aoMinistério do Meio Ambiente. Um dos projetos que poderá ser planejado com o auxílio dos mapas será o derecuperação do chamado Arco do Desmatamento, cujos limites se estendem dosudeste do estado do Maranhão, ao norte do Tocantins, sul do Pará, norte deMato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas e sudeste do estado do Acre. Asprincipais causas do desmatamento nessa região são o crescimento da população,da indústria madeireira, aliada a ampliação da rede viária, e as queimadasrealizadas para abertura de pastagens e áreas agrícolas. Com as informaçõessobre a fertilidade do solo, subsolo, cobertura vegetal e clima, algumas áreasdesmatadas poderiam ser destinadas ao reflorestamento comercial. “Esse é um dosobjetivos, transformar o Arco do Desmatamento em Arco do Reflorestamento, issojá seria sensacional”, destacou Guido Gelli. O banco de dados montado pelo IBGE também vai permitir que se tenha informaçõesem curto prazo para instalação das barragens previstas para o Rio Madeira,pavimentação da BR-163 ou qualquer outra iniciativa de negócios na Amazônia. Osmapas proverão todas as informações necessárias para se fazer um estudo deimpacto ambiental e fornecer alternativas ou até de controle efetivo, nofuturo, de ocupação daquela terra, que vai se dar onde houver esteempreendimento. Conforme ressaltou Guido Gelli, “o importante é que se dê umaocupação ordenada, sob um Zoneamento Ecológico-Econômico que me permita dizeronde eu posso fazer um tipo de atividade e onde eu devo preservar a floresta”.São os seguintes os mapas:divisão política; fronteira agrícola; fronteira pecuária e madeireira;fronteira agropecuária e mineral na vegetação natural; estrutura agrária;diversidade sociocultural; rede urbano-regional; logística do território;ocupação territorial; além do mapa integrado dos zoneamentosecológico-econômico da Amazônia Legal.