BID discutirá na reunião anual de março o perdão da dívida de cinco países

21/01/2007 - 10h15

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) discutirá em março, na sua reunião anual de governadores, a anulação da dívida de cinco países – Haiti, Bolívia, Nicarágua, Honduras e Guiana. Durante encontro realizado ontem (20) foi debatida a data de referência para a anulação dessas dívidas, que somam US$ 3,8 bilhões. O resultado desse encontro preparatório ainda não foi divulgado pela instituição.

"Há três datas de referência de dívida para serem perdoadas: as de 2001, as de 2003 ou as de 2004", informou a secretária-executiva da organização não-governamental Rede Brasil, Fabrina Furtado. Ela explicou que "no caso da dívida do Haiti, por exemplo, se eles eles anularem a de 2001, serão somente 41% do total; se for a de 2003, o percentual sobe para 60%; e para a de 2004, atinge 84%".

Mesmo com a anulação, acrescentou, "os países ainda ficarão com um dívida grande". No final do ano passado, a Rede Brasil e outra organização não-governamental, Jubileu Sul Américas, enviaram carta ao BID em que pediam mais transparência e participação nos processos de discussão da dívida, mas a solicitação foi negada. As entidades querem ainda, segundo Furtado, que a dívida seja toda perdoada, e não parte dela.

A anulação das dívidas, explicou, está vinculada a algumas condicionantes, como a redução do valor disponível para empréstimos. Mas o caso do Haiti, segundo a representante da Rede Brasil, é o mais preocupante: "O país terá que implementar alguns programas do BID, entre eles o destinado a países pobres altamente endividados e de redução da pobreza, antes de ter suas dívidas efetivamente anuladas".

Furtado destacou ainda que a redução do valor dos empréstimos poderá trazer conseqüências "muito ruins para o Haiti". E lembrou que "são exatamente essas políticas que trazem tantos impactos negativos para os países, como as privatizações, a liberalização comercial que afeta toda a produção local". Segundo a secretária-executiva, "de acordo com as condições que podem ser impostas, o processo para a anulação da dívida do Haiti poderá demorar até dez anos para se completar".