População indígena ainda apresenta maiores taxas de mortalidade infantil, diz diretor

20/01/2007 - 12h18

Raquel Mariano
Da Agência Brasil
Brasília - O Brasil reduziu a taxa de mortalidade infantil, ou seja, decrianças até um ano, em todas as regiões. Entretanto, o que maispreocupa o Ministério da Saúde são as taxas de mortalidade queacontecem pouco antes ou logo depois do parto, no chamado períodoperinatal. Essa taxa aumentou de 1996 até 2004, mas houve uma reduçãonas mortes por doenças infecciosas e respiratórias, como informa olivro Saúde Brasil 2006 – Uma Análise da Desigualdade em Saúde. Olivro está página do Ministério da Saúde na internet e tem publicação previstapara este semestre.Já o índice de mortalidade de criançasindígenas com menos de um ano continua alto. Segundo a publicação, a principal causa de óbitoé a desnutrição, responsável por 12% das mortes infantis.O diretor do Departamento de Análise de Situação da Saúde do ministério, Otaliba Libânio, comentou que a população indígena tem indicadores desaúde mais desfavoráveis que a população geral do Brasil. “A maiormortalidade proporcional infantil, por exemplo, está na populaçãoindígena, que também apresenta menores indicadores de consultapré-natal”. Libânio explicou que esses indicadores podem seagravar pelo fato de os índios estarem em aldeias distantes, o quedificulta a chegada deles até um posto de saúde. Mas, segundo ele, háoutro fatores: “Mesmo os indígenas que moram em cidades têm dificuldadede acesso. Ainda existe a questão cultural e também de como a assistênciade saúde está sendo prestada à população indígena, cujos problemas têm melhorado ao longo do tempo, mas ainda estamoslonge do ideal”.Outra questão preocupante apontada na análise é o risco dobaixo peso do bebê ao nascer. A chance de um recém-nascido que nascecom menos de um quilo sobreviver é de 40%. Porém, a diminuição demortalidade infantil, segundo a publicação, se deve principalmente ao aumento do número de consultas pré-natais pelas mães.O estudo mostrou que mães com maior nível de escolaridade e que moram em município com boas condições socioeconômicas tiveram pelo menossete consultas de pré-natal. Já as mães de nascidos vivos negros(pardos e pretos) tiveram menos consultas durante a gravidez que asmulheres brancas, independentemente da escolaridade e das condições dosmunicípios. E concluiu que os filhos de negras correm mais risco de tercomplicações após o parto que os filhos de mães brancas.O estado civil das mães é outra desigualdade apresentada no estudo: as solteiras, em média, receberam menos consultas de pré-natal que ascasadas, assim com as mãesadolescentes, em relação às mães com idade acima de 19 anos. Em 2004, acrescenta o estudo, 26.276 meninas com menos de 14 anos tornaram-se mães no Brasil.Isso ocasionou a terceira causa de morte entre adolescentes. O diretorafirmou que um conjunto de fatores faz com que a adolescente corra maisrisco de engravidar: “A baixa instrução, o fato de ser solteira, a questãocultural e a questão da baixa condição socioeconômica podem serconseqüências de uma gravidez indesejada e precoce”.