Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dados divulgados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae/RJ) mostram que a América Latina responde por 11% da produção mundial de fibras, ocupando a terceira posição no ranking do setor. O Brasil é o sétimo produtor internacional, com 1,74 milhão de toneladas registradas em 2005, e o quarto maior consumidor. Segundo o gerente de Desenvolvimento Industrial do Sebrae/RJ, Renato Machado, isso “mostra o poder de compra que gera o mercado da moda no país”. Por unidades da federação, São Paulo lidera o ranking não só de produção, como em termos de consumo. O estado do Rio de Janeiro aparece como segundo maior consumidor de produtos têxteis e de confecções, ocupando a terceira posição como mercado produtor.Renato Regazzi destacou que o setor têxtil é hoje o segundo maior empregador no Brasil, depois da indústria da construção civil. O setor absorve cerca de 1,65 milhão de trabalhadores, dos quais 70% são mulheres. No ano passado, a indústria têxtil gerou em torno de 41,8 mil novos empregos. De acordo com o Sebrae/RJ, a indústria do vestuário responde por 115 mil pontos de venda em todo o Brasil. Renato Regazzi observou que a indústria têxtil e de vestuário compreende desde a produção de fios e tecelagem até a confecção de roupas, incluindo a estrutura de distribuição e venda, que são as lojas espalhadas por todo o país.A indústria do vestuário gerou para o Brasil US$ 20,7 bilhões, em 2005. Foi a maior cifra registrada nos últimos cinco anos, salientou Regazzi. O faturamento do setor fluminense no mesmo ano foi de US$ 700 milhões. Regazzi destacou que o estado do Rio de Janeiro apresenta, na exportação, o produto de maior valor agregado de todo o país, 50% superior à média nacional. Trata-se do maior valor por quilo de produto exportado.Para ele, “isso mostra que o Rio de Janeiro está se posicionando no setor da moda, está lançando inovação. Isso faz com que o consumidor pague um preço prêmio pelos produtos fabricados no estado. E o mercado internacional está pagando esse preço pela moda. É uma forma de competir no mercado global hoje por diferenciação e fora da concorrência do produto chinês, que é mais massificado”, afirmou.Sete pólos de confecção representarão o estado na Fashion Rio, que começa na próxima semana. No total, dez pólos brasileiros participarão do evento, que faz parte do calendário oficial da moda nacional desde 2002. O Sebrae/RJ e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) são os organizadores da feira e da Bolsa de Negócios Fashion Business, realizado paralelamente ao evento. Regazzi informou, ainda, que o Estado do Rio possui, atualmente, oito pólos de confecções, compostos por cerca de quatro mil empresas. A indústria têxtil está presente em 58 dos 92 municípios fluminenses, com um total de 2,880 mil empresas formais. Incluídas as empresas informais, o número alcança 10 mil empreendimentos. O setor emprega 13% da mão-de-obra economicamente ativa, representados por 225 mil postos de trabalho diretos, de acordo com dados do Ministério do Trabalho. Um novo pólo começa a ser trabalhado agora no Estado, envolvendo micro empresas e artesãos de seis municípios, além da capital fluminense. A meta é produzir sapatos customizados, isto é, diferenciados, com elevado grau de criatividade e inovação, para compor coleções de butiques, informou Regazzi. O gerente do Sebrae/RJ frisou que “esse mercado específico é típico para a pequena empresa ser fornecedora. E a gente garante que nesse mercado, a pequena empresa é imbatível porque ela tem flexibilidade produtiva. Ela consegue produzir vários produtos diferentes em curto espaço de tempo. Numa planta industrial de grande porte, é impossível fazer isso”, avaliou. A expectativa da Bolsa Fashion Business é superar em 15% o volume de negócios realizado nos mercados nacional e internacional, que foi de R$ 304 milhões na edição anterior outono-inverno de 2006. (Alana Gandra)