Ministério Público devolverá a familiares pertences de mortos em acidente da Gol

12/01/2007 - 18h54

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) começará a devolver os pertences pessoais das vítimas do acidente aéreo da empresa Gol a partir da próxima semana. Os bens serão entregues aos familiares ou aos representantes legais que foram reconhecidos pela seguradora como beneficiários do seguro indenizatório.Entre os itens recuperados pelo Comando da Aeronáutica durante as operações de busca, o Ministério Público identificou objetos e documentos de 108 passageiros. Pertences das outras 46 vítimas ainda não foram reconhecidos.Numa segunda etapa, o MP tentará localizar a quem devolver o que restar no galpão da companhia aérea. Tudo o que não for retirado deverá ser doado a instituições de caridade. Durante entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (12), o promotor Diaulas Costa Ribeiro disse não haver objetos de valor entre os pertences, pois quase todos foram destruídos.“O estado geral é o de um acidente catastrófico. Praticamente não há quase nada em condições de uso. A devolução será na perspectiva de interesses afetivos e sentimentais dos parentes”. Ribeiro conta que, desde ontem, quando a devolução foi anunciada, várias famílias já demonstraram interesse em retirar os objetos.De acordo com o promotor, os familiares serão notificados através de correspondência enviada pelo Ministério Público. “Nada será devolvido às famílias sem autorização prévia. O Ministério Público está comunicando às famílias por meio de mensagens eletrônicas, correio e pela imprensa. Só será devolvido aquilo que a família quiser receber.”Após terem sido trazidos a Brasília pela Aeronáutica, os pertences foram entregues à Gol. De acordo com a legislação, a companhia tinha 15 dias para devolvê-los aos seus donos. Em meados de novembro, diante da impossibilidade de identificar os legítimos proprietários e sem saber a quem entregá-los, a empresa encaminhou-os ao MP, que limpou e desinfetou um a um.Além dos diversos objetos, também foram encontrados resíduos humanos impossíveis de serem identificados, mas que o MP guardou para eventuais perícias. Tão logo o corpo da última vítima foi reconhecido, em 22 de novembro, o promotor determinou que estes resíduos fossem cremados.“São resíduos muito pequenos, nenhum deles identificado. Optamos pela cremação e por disponibilizar às famílias, caso haja interesse, uma pequena amostra das cinzas, que são coletiva”.Segundo Ribeiro, o que não for entregue aos familiares será, provavelmente, lançado no Jardim Botânico de Brasília, durante uma cerimônia para a qual os parentes serão convidados.O advogado Antonio Cláudio de Araújo, tio do bancário Marcelo Paixão Lopes, foi até a sede do MPDFT imaginando que os pertences das vítimas começariam a ser liberados nesta sexta. Acompanhou em silêncio toda a coletiva e, no fim, reclamou da demora na liberação.“Desde outubro, este material já estava todo junto, com esta proposta de trazerem para Brasília, higienizar e colocar à disposição das famílias. Eu vim aqui achando que já era isto que estava acontecendo. Agora, não sei mais.” 

Araújo disse que a família espera reaver a documentação de Lopes.“A Justiça está exigindo os documentos para dar andamento no inventário. O juiz já pediu que os documentos fossem anexados ao processo, suspenso desde 15 de dezembro por causa disso”. O corpo de Lopes foi o último a ser identificado pelo IML, quase dois meses após o acidente.  Segundo o próprio promotor, por falta de estrutura para recepcionar cada familiar, os representantes das vítimas poderão contactar o Ministério Público através do endereço eletrônico informegol@mpdft.gov.br.