José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O sepultamento da índia guarani-kaiowá Kurutê Lopes, 70 anos,assassinada na noite de segunda-feira (8) por pistoleiros na FazendaMadama, localizada entre os municípios de Amambaí e Coronel Sapucaia,no sudoeste do Mato Grosso do Sul, só deve ocorrer no final da tarde deamanhã (11). A comunidade indígena da região quer realizar osepultamento no próprio local onde ocorreu o crime, considerado um tekoha (terra de ocupação tradicional dos Kaiowá) e chamada pelos índios de Kurusu Amba.Pararealizar o velório, a comunidade entrou na manhã de hoje (10) com umpedido no Ministério Público Federal (MPF) de Dourados,para evitar conflitos com fazendeiros. O procurador CharlesPessoa informou, agora à tarde, que está preparando um pedido de tutelaantecipada à Justiça Federal para que o sepultamento ocorra naFazenda Madama. A petição será entregue amanhã cedo na cidade dePonta Porá (MS).Ele acredita que a Justiça deve atender àsolicitação, pois há um precedente ocorrido em 2003, quando do assassinato do líder kaiowá Marcos Verón,sepultado no tekoha Takuara, na fazenda onde ele foi executado. “Há semelhança nasituação. Por isso acho possível conseguir uma tutela antecipada”,assinalou Pessoa. O corpo de Kurutê está numa aldeia próxima à Madama,aguardando a decisão da Justiça.No último sábado (6), 50famílias guarani-kaiowá ocuparam a Fazenda Madama. Dois dias depois,pistoleiros atacaram a tiros o grupo, e ocorreu a morte deKurutê. Na ocasião, saiu ainda ferido o índio Valdeci Gimenez, 28anos, com três tiros nas pernas. Quatroindígenas também foram presos pela Polícia Civil, sob a alegação deroubo de uma carreta - entre eles, o líder Francisco Fernandes, 38 anos.