Professor diz que cota de tela permite que filme brasileiro ocupe espaço

10/01/2007 - 5h33

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O professor de Audiovisual da Universidade de Brasília(UnB), David Pennington, considera a cota de tela - mecanismo que define um mínimo de exibição de filmes brasileiros por sala - importante paraque o filme brasileiro ocupe seu espaço. “Vários países, como a França,têm uma política de audiovisual em que há um espaço cativo para seucinema, porque o cinema é considerado além de um produto industrial ecomercial, um produto cultural. O que talvez me causeespécie é pensar que o mercado pudesse direcionar a expressão cultural,isso não”, observou. Decreto de 28 de dezembro estabeleceu que neste ano a cota detela será de 28 dias para exibidores que têm apenas uma sala. Odecreto determina ainda um número mínimo de títulos a serem exibidos,que são dois no caso de uma sala. No ano passado, a cota de tela foi de35 dias para salas únicas. O mecanismo aumenta gradativamente, de acordo com o número de salas porcomplexo, e atinge, em 2007, o número de 644 dias para um complexo de20 salas, onde devem ser exibidos pelos menos 11 títulos ao longo doano.Citando o fundador da Cinemateca deSão Paulo, Paulo Emílio Sales Gomes, o professor da UnB disse que ohábito de assistir filme brasileiro é fundamental para que o brasileiropense sobre si, seus costumes, paisagens. “Nos vermos na tela éessencial para nos reconhecermos e, para olhar nesse espelho e nãoficar constrangido, nem espantado”, afirmou. Para o professor, a reservade mercado criada com a cota de tela influenciou positivamente nocrescimento do cinema nacional. Segundo o secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, OrlandoSena, os brasileiros sempre gostaramde filme nacional. "Quando passa um filme brasileiro na televisão, aaudiência é altíssima. As pessoas vêem mais o filme brasileiro do que ofilme estrangeiro quando o filme produzido aqui é exibido na TV. Não équestão de gostar ou não gostar. A questão é da população ter acesso aofilme brasileiro", avaliou. De acordo com Sena, houve casos como o de "Dois Filhos de Francisco" e "Cidade de Deus" quebateram os filmes estrangeiros enquanto estiveram em cartaz.