José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Milícias armadas estariam agindo nos municípios da região sul de Mato Grosso do Sul, a mando defazendeiros, para intimidar e expulsar índios Guarani-Kaiowá de terras reivindicadas por eles. A denúncia édo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e do MinistérioPúblico Federal de Dourados (MS). Nos últimos anos, ospistoleiros teriam assassinado vários índios Guarani-Kaiowá. Os matadores também seriam responsáveis pelo assassinato da índiaKurutê Lopes, de 70 anos, com um tiro no peito, na Fazenda Madama, na noite da última segunda-feira (8).Segundoo coordenador regional do Cimi em Mato Grosso do Sul, Egon Heck, as milícias seidentificam como seguranças a serviço dos fazendeiros. “Os pistoleirostêm agido com violência e assassinatos, inclusive mataram o índioDorvalino, em dezembro de 2005. Eles são o braço armado dosfazendeiros", diz ele. "É importante que o Ministério da Justiça e a PolíciaFederal averigúem a fundo essa realidade, para que atos como a morte deKurutê não continuem se repetindo”, afirma o indigenista.Oprocurador do MPF de Dourados Charles Pessoa confirma assuspeitas. “Existe. sim, uma desconfiança de que possa haver grupos queprestam esse tipo de serviço, e eu acredito firmemente nessapossibilidade”, diz o procurador.Ele explica queessa suspeita se deve aos assassinatos freqüentes de indígenas naregião. “O MPF abriu inquéritos, mas ainda não deu para amarrar osvários casos, que comprovariam a ação de milícias armadas. Mas, estamosaprofundando as diligências”, completa ele.O delegado da Polícia Civil Marcelo BatistelaDamasceno, da região entre Amambai e Coronel Sapucaia, onde foi morta Kurutê, disse não ter informação a respeito da suposta atuação de milícias. “Nunca ouvidizer”, resumiu.ARecovê, entidade não governamental formada por grandes produtores rurais daregião, foi procurada para falar sobre a denúncia, mas não foi possívelum contato telefônico. Também foram procurados pela reportagem o Sindicato dosProprietários Rurais de Amambai, cujo presidente está em viagem a SãoPaulo, e a Federação da Agricultura e Pecuária do MS, onde a assessoria alegouque, devido a recesso coletivo na entidade, não é possível fazer contato coma diretoria.