Filmes nacionais serão exibidos em menor número de dias em 2007

10/01/2007 - 5h52

Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - Neste ano, os cinemas serão obrigados a exibir, no mínimo, doislongas-metragens brasileiros num período de 28 dias, menos tempo do que em 2006(35 dias). A determinação consta do Decreto 6.004, assinado pelo presidenteLuiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Cultura, Gilberto Gil.A diminuição no número de dias é resultado da queda na procura por produções nacionais. Segundo o presidente da Associação Brasileira deDocumentaristas e Curta-Metragistas (ABD), Guigo Pádua, a queda na venda deingressos foi registrada de maneira geral, tanto no cinema nacional quanto nasproduções estrangeiras.Para Pádua, o fato tem impacto relevante, pois reflete um problema deaudiência do cinema brasileiro, e isso deve ser atacado. “Os preços dosingressos e também a pouca promoção do próprio cinema podem ser um dos motivosdessa redução. É difícil competir com o cinema hegemônico”, destacou ementrevista à Agência Brasil.Pádua afirmou que a recepção dos filmes pelo público é incerta e “umaquestão de mercado”, mas que a obrigatoriedade é importante para alavancar asproduções: “não é a solução ideal essa de obrigar a exibição de filmesbrasileiros, mas é a possível, em um mercado muito competitivo e desigual, como produto americano, que entra no país com grande publicidade e impacto. Agente precisa, de alguma forma, que o filme chegue à tela”.Com relação ao governo, o cineasta acredita que o Ministério da Cultura  tem feito o possível, masexistem pressões do mercado americano que impedem maior penetração do filmenacional junto ao público brasileiro. “Para tentar barrar essa pressão, temos que continuar a nos mobilizar juntocom os governos, entidades. É uma luta constante de ocupação de espaço. Temosque ocupar todos os espaços que forem possíveis”, disse Pádua.O presidente da ABD lembrou que ainda não existe uma posição formal daassociação com relação à nova cota, mas o assunto deve ser discutido noFestival de Cinema de Atibaia, em São Paulo, nos próximos dias 11 e 12.As cotas são proporcionais, isto é, dependem do número de salas de cinemaque a empresa possui. A tabela com os números foram fixadas pela AgênciaNacional de Cinema (Ancine), que também é responsável pela fiscalização documprimento do decreto.Na opinião de Pádua, essa fiscalização “não tem sido satisfatória” já que aAncine sofre com problemas de infra-estrutura, com a falta de fiscais e de umsistema mais eficiente de fiscalização, e não consegue atender todo o país. “Mas estamos atentos ao problema”.Os números de dias e títulos podem ser consultados na página do Ministérioda Cultura (www.cultura.gov.br) na internet.