Número de eleitores venezuelanos que comparecem às urnas supera expectativas

03/12/2006 - 16h18

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O número de eleitores venezuelanos que compareceram às urnas para votar para presidente já superou as expectativas inicias do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. A informação é do reitor do CNE, Germán Yépez, divulgada no site do órgão. Desde a madrugada de hoje (3), há filas enormes em quase todas as seções eleitorais do país. Os dois principais candidatos são: Hugo Chávez, atual presidente e candidato à reeleição, e Manuel Rosales, candidato de oposição.Apontadas como problema em uma eleição que, segundo o próprio CNE, transcorre em clima de tranqüilidade, as filas não são novidades em eleições venezuelanas. Embora as urnas, a exemplo do Brasil, sejam informatizadas, o sistema não comporta o grande número de eleitores, segundo o jornalista Gilberto Maringoni, autor do livro ‘A Venezuela que se Inventa: Poder, Petróleo e Intriga nos Tempos de Chávez’. Para ele, em um país com tradição de altos índices de abstenção eleitoral, as filas são positivas, pois representam a maior participação política dos venezuelanos.Maringoni diz que o sistema eleitoral venezuelano foi dimensionado a partir da estimativa histórica de grandes índices de abstenção. Porém, segundo ele, desde 2002, tem crescido o número de eleitores na Venezuela. “No referendo de agosto de 2004, mais de 60% da população votou. Houve filas enormes. Este ano, mais gente deve votar. Como o sistema eleitoral venezuelano foi montado a partir da perspectiva de que não mais do que 30% da população votariam, os mecanismos institucionais democráticos venezuelanos devem se colocar no mesmo patamar que o desejo de participar da população”.Até os anos 1980, o comparecimento às urnas não ultrapassava os 30%. Com a crise que atingiu o país e a conseqüente desilusão com a democracia, esta participação baixou até atingir, em 1994, seu percentual mais baixo, 17%. Após isso, voltou a subir um pouco nas eleições seguintes, atingindo um percentual elevado na primeira eleição do Hugo Chávez, em 1998. A partir daí, vem em um crescendo contínuo, chegando a 60% de comparecimento. “A única exceção foi a eleição para governadores, em 2005, quando a oposição promoveu uma campanha incentivando o povo a não votar e retirou suas candidaturas. A abstenção então voltou à casa dos 30%”, diz o jornalista.