Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O jornalista Gilberto Maringoni, autor do livro ‘A Venezuela que se Inventa: Poder, Petróleo e Intriga nos Tempos de Chávez’, avalia que o crescimento do número de eleitores durante as eleições para presidente significa um paradoxo. “Ao mesmo tempo em que a oposição acusa o presidente Hugo Chávez de ser autoritário, a Venezuela realizou, nos últimos anos, a média de mais de uma eleição ao ano", diz. Os dois principais candidatos são: Hugo Chávez, atual presidente e candidato à reeleição, e Manuel Rosales, candidato de oposição.Para ele, o sistema eleitoral venezuelano foi dimensionado a partir da estimativa histórica de grandes índices de abstenção. Mas a participação tem aumentado gradativamente desde 1998, quando Hugo Chávez foi eleito. Maringoni acha que a coesão da oposição influiu para despertar mais interesse nos eleitores.“Desta vez, a oposição, que em eleições anteriores se apresentou fragmentada, conseguiu se reunir em torno de um candidato único, Manuel Rosales. Ao conquistar 37% da intenção de votos, criou-se uma polarização que acaba contribuindo para a maior participação. Quem está na oposição vê uma chance de derrubar o Chávez. Quem está no governo fica com receio de uma volta à situação anterior. Então, os dois lados acabam convergindo para uma maior participação”, avalia.Maringoni elogia o que classifica como “um vigor na democracia venezuelana”. “O país tem problemas como qualquer outro. Mas há um vigor democrático que é impressionante”. Segundo ele, a maior restrição às campanhas, principalmente de partidos pequenos, é a falta de espaço nos meios de imprensa. “O Rosales teve uma superexposição de mídia desde que sua campanha foi oficializada, em agosto. O Chávez, por sua vez, também teve porque conta com a máquina do governo. Os outros candidatos é que não tiveram esta oportunidade. Por isso a eleição acabou polarizada. Porque os demais candidatos não conseguem ter acesso à mídia.”