Elaine Patricia Cruz e Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Além do aumento do salário mínimo dos atuais R$ 350 para R$ 420, as principais centrais sindicais do país defendem um reajuste emergencial de 7,77 % na tabela do Imposto de Renda (IR).Em entrevista antes da mobilização realizada hoje (29) no centro da capital, preparatória da 3ª Marcha do Salário Mínimo prevista para a próxima quarta-feira (6), em Brasília, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, disse que o reajuste pretendido pelas centrais sindicais corresponde à perda da inflação durante os últimos quatro anos e não incorporada à tabela do IR descontado na fonte.Atualmente, a tabela oferece isenção para quem ganha até R$ 1.257,12. A partir desse valor, há retenção de 15% para quem ganha até R$ 2.512,08 e de 27,5% (a maior) para valores superiores a esse. Com a atualização de 7,77% proposta, os valores salariais subiriam para R$ 1.354,79 e R$ 2.707,26. E os descontos a que a pessoa física tem direito passariam de R$ 188,57 para R$ 203,22 e de R$ 502,58 para R$ 541,63, respectivamente. As centrais propõem também que o número de alíquotas seja ampliado de três para cinco. A correção das alíquotas pode fazer grande diferença, em alguns casos. Um trabalhador que recebe, por exemplo, R$ 2.500 de salário, tem descontado na fonte o valor de R$ 375; mas se recebe um aumento de 5% no salário, passa a receber R$ 2.625, cai na alíquota de 27,5%, o que o leva a recolher R$ 721,87 e, conseqüentemente, a receber um salário menor do que o anterior ao aumento.“Isso significa que aquelas pessoas que pegam o aumento real de salário e incorporam a perda salarial acabam passando para a faixa de contribuição, o que é um prejuízo, porque aí não valeria a pena pegar o aumento salarial”, afirmou o secretário-geral da Força.Juruna disse acreditar que o reajuste da tabela do IR e do salário mínimo, propostos pelas centrais sindicais, devem causar impactos positivos no país: “Nós teremos mais distribuição de renda, mais consumo no país, um mercado interno melhor, estaremos valorizando nossa indústria e comércio nacionais e, com certeza, dando mais condições para as pessoas terem melhores escolas, saúde e alimentação”.