Pesquisa mostra Estado ausente e repressor, acredita Observatório de Favelas

23/11/2006 - 17h09

Mariana Schreiber
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “O Estado precisa recuperar a soberania sobre os territórios populares”, defende o diretor do Observatório das Favelas, Jailson de Souza. Segundo ele, a pesquisa do Observatório com jovens envolvidos com o tráfico mostra a ausência de políticas públicas para os moradores de bairros populares. “Tem que oferecer alternativas profissionais, novos caminhos no campo da geração de renda, de trabalho e educação”.Para iniciar esse processo, segundo ele, “é preciso romper com essa política de guerra, de enfrentamento bélico dentro dos territórios populares”. O diretor do Observatório considera falida a política de guerras às drogas. “Depois de 25 anos de luta para impedir que os usuários tenham acesso ao produto, o preço é o mesmo e a oferta continua absolutamente livre”. Jaílson defendeu que o Estado invista na prevenção do consumo, no desarmamento e, principalmente, que o ele amplie sua presença nas comunidades pobres.A pesquisa “Caminhada de crianças, adolescentes e jovens na rede do tráfico de drogas no varejo do Rio de Janeiro” foi divulgada hoje (23) pelo Observatório de Favelas, organização da sociedade civil sediada na Favela da Maré. A pesquisa durou dois anos e investigou a trajetória de 230 jovens, com idades entre 11 e 24 anos, envolvidos com o tráfico de drogas em 34 comunidades distribuídas nas Zonas Norte, Sul, Oeste e Leopoldina. Foi realizado em parceria com o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outras instituições.