Bargas diz que teve participação limitada na compra de dossiê

22/11/2006 - 16h53

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-secretário do Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas, e colaborador da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje (22) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dosSanguessugas que sua participação na divulgação de informações sobre a comprade ambulâncias superfaturadas tinha como objetivo mostrar à sociedade que estesdesvios não começaram no Governo Lula. As declarações seguiram a mesma linhados depoimentos prestados pelo ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso eo ex-coordenador do Núcleo de Informações do comitê de campanha a reeleição deLula Jorge Lorenzetti. Bargas afirmou ainda que teve participação limitada naoperação de compra do dossiê contra políticos do PSDB. Segundo ele, a tarefaque lhe foi designada por Lorenzetti seria acompanhar a entrevista ao repórterda revista Isto É, concedida em 13 de setembro em Cuiabá (MT) por Darci Vedoine Luis Antonio Vedoin, donos da empresa Planan. "O Lorenzetti e o Expedito me deram as orientações. Nãoconheci os documentos nem as fitas. Pediram apenas que eu acompanhasse aentrevista", afirmou Bargas. Segundo ele, o acertado seria de que HamiltonLacerda, ex-assessor do comitê de campanha do então candidato ao governo de SãoPaulo, senador Aloísio Mercadante, passaria o nome do repórter da Isto É quefaria a entrevista. Ele disse que a condição imposta aos Vedoin, tanto porLorenzetti quanto pela revista, é de que as denúncias apenas seriam publicadascom a comprovação por meio de documentos. Oswaldo Bargas disse também que antesde ser publicada a reportagem o repórter lhe mostrou o texto. "Li aentrevista antes de publicá-la. O jornalista escreveu a reportagem à noite e osdocumentos só lhe foram entregues na manhã seguinte", afirmou Bargas aosdeputados e senadores. Também na mesma linha dos depoentes que participaram daoperação, o ex-secretário do Ministério do Trabalho disse que desconhece aorigem do dinheiro (R$ 1,7 milhão) apreendidos num hotel de São Paulo, quesupostamente seria pago aos Vedoin em troca das informações. "Eu não tinhaa menor idéia do que estava acontecendo em São Paulo", declarou. Oswaldo Bargas disse que até hoje "tem dificuldades deentender esta história de dossiê". E afirmou que na sua "cabeça quemarmou esta arapuca foram os adversários". Ele admitiu que foi um equívoco de membros do comitê decampanha de Lula não terem promovido uma entrevista coletiva para que Darci eLuis Antonio Vedoin apresentassem suas versões sobre a compra das ambulâncias. "Podiaser uma coletiva porque era uma guerra também com a imprensa que, na minhaavaliação, tomou partido", afirmou.