Relatora e presidente interino do Conselho de Ética se dizem convencidos da inocência de Celcita

21/11/2006 - 17h35

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após os depoimentos de hoje (21) à tarde, a relatora do processo contra a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT) no Conselho de Ética da Câmara, deputada Ann Pontes (PMDB-PA), pediu a dispensa de outras testemunhas, por já ter condições de fazer seu relatório. Ann Pontes disse aos jornalistas que está convencida da inocência de Celcita Pinheiro."Eu já tinha formado meu convencimento com a vinda do senhor Luiz Antônio Vedoin [um dos donos da Planam, empresa apontada como responsável pelo esquema de fraude na compra de ambulâncias] a este conselho", revelou Ann Pontes. Segundo ela, houve contradição entre os depoimentos de Luiz Antonio e Darci José Vedoin na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas. "O Luiz Antônio disse que os cheques [dois cheques de R$ 25 mil] foram entregues e descontados. Darci disse que eles teriam voltado por falta de fundos. Aqui no conselho, ele ratificou o depoimento", disse ela. "Faltou um pouco mais de atenção da própria CPMI ao analisar todos os depoimentos coletados ao longo da investigação. Na minha análise, a própria CPMI deixou passar isso", avaliou a relatora. Além disso, destacou Ann Pontes, os cheques mencionados por Vedoin não foram nominados à deputada e, pelas normas do Banco Central, deveriam ser identificados e depositados. "Há apenas uma cópia dos cheques sem a identificação do recebedor", afirmou. Indagada se considerava Celcita Pinheiro inocente, a relatora confirmou: "Para mim, sim".O presidente interino do conselho, Nelson Trad (PMDB-MS), encerrou a sessão convencido da inocência de Celcita. "Acredito [na inocência], pela manifestação que ouvi agora. Esse procedimento da Celcita significa um homicídio sem cadáver, não tem a materialidade do delito", opinou o deputado, que também criticou o trabalho da CPMI dos Sanguessugas."Isso nos deixa até confusos. Como uma acusação dessa natureza se transformou numa representação?", indagou. "A CPI tropeçou enormemente. Um procedimento desses, sem a prova conclusiva de um dinheiro recebido? Esse foi um preço amargado por todos nós depois que ouvimos a deputada aqui hoje", afirmou Trad.A deputada Celcita Pinheiro, que não se reelegeu, afirmou, ao final da sessão, que não pretende mais se candidatar a cargos públicos.