Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado no Brasil há 35 anos

20/11/2006 - 14h14

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Comemorado há 35 anos, o Dia Nacionalda Consciência Negra lembra o assassinato de Zumbi, morto em 1695 econsiderado o mais importante líder do quilombo de Palmares (AL), maiore mais importante comunidade de escravos, com população estimada demais de 30 mil pessoas.

Em1971, o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez no Brasil.Segundo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial(Seppir), a idéia se espalhou por outros movimentos sociais de lutacontra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já apareciacomo proposta nacional do Movimento Negro Unificado

Em entrevista à Rádio Nacional,o presidente da Fundação Cultural Palmares, Ubiratan Castro de Araújo,afirmou que, para o Brasil, o dia 20 de novembro reafirma o valor dasvárias culturas africanas que foram transportadas por aqueles quevieram como escravos para o Brasil.

“EmPalmares, durante 100 anos, construiu-se uma sociedade alternativa, umprojeto de Brasil que era outro que não o do escravismo colonial, ondetodos aqueles que vieram da África e que fugiram da escravidão acharamrefúgio dentro da tradição africana, organizados em trabalho livre eigual”, afirmou Ubiratan.

Segundoele, muitos negros têm a cabeça feita pelo racismo e fogem daidentificação com a raça para não serem vistos como inferiores,afirmando que são “moreninhos, escurinhos, pintadinhos ou da cor debúfalo quando chove”, ao invés de se assumirem como negros. “É umasituação no mínimo inocente, já que o que é importante é que todos nóstenhamos consciência do que somos”.

Sobrea política de cotas nas universidades, o presidente da FundaçãoCultural Palmares disse que esta é uma medida necessária e urgente parainverter uma tendência centenária de exclusão do negro. “A populaçãonegra brasileira beira os 50%, e nós tínhamos participação de no máximo3% a 4% de população negra no ensino superior”.

Amedida de cotas, portanto, seria uma reserva de vagas a curto prazopara cobrir a distância entre brancos e negros. “Evidentemente, daqui a dez anos ou 15 anos, depende de como se avalie quanto essa medida tiversurtido resultados, não haverá mais necessidade”, disse Ubiratan.

Sobrea obrigatoriedade do ensino de história afro-brasileira nas escolaspúblicas e particulares, Ubiratan lembrou que, apesar de constar da Leide Diretrizes e Bases, a medida ainda não foi adotada por muitasescolas municipais, estaduais e particulares. “Não se trata deconfrontar, se trata principalmente de formar todos os brasileiros, detodas as origens, de todas as formações, de todas as regiões, sobre aimportância da cultura negra”.