Movimentos sociais cobram de Dulci mais compromisso do governo com reivindicações

18/11/2006 - 23h30

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmou ontem (18), que o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai contar com mais participação popular no governo. A relação dos movimentos sociais com o governo foi um dos principais temas do evento de que Dulci participou neste sábado, a 4ª Semana Social Brasileira, organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).Para Dom Demetrio Valentini, presidente da Cáritas do Brasil e bispo de Jales (SP), o relacionamento entre governo e sociedade tem que se aprofundar. "No primeiro mandato, não foi suficiente. Nós esperamos que, agora, haja condições melhores e que o presidente tenha mais segurança, ainda mais avalizado pela expressiva vitória eleitoral, e que sinta mais à vontade para se aproximar e ouvir os movimentos populares", disse.Dulci fez uma retrospectiva para enfatizar que a aproximação com os movimentos sociais foi efetiva no primeiro mandato. "Até o João Pedro [Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra] falou aqui que não faltou conversa. Nós não fizemos outra coisa", disse o ministro. "O presidente se encontrou mais de 500 vezes nesses quatro anos com todas as organizações sociais, seja no Palácio (do Planalto) ou tomando a iniciativa de procurar. Eu e minha equipe então nem se fala", afirmou.  A secretaria coordenada por Dulci é responsável pela interlocução do governo com os movimentos sociais.Stédile, durante o evento, afirmou que os momentos de diálogo dos movimentos om o governo como MST e a Via Campesina foram muitos no primeiro mandato do governo Lula, mas reclamou que as demandas não foram totalmenteatendidas. "Esteve aquém do que nós pedimos, porque o balanço que fazemos da reforma agrária e da agricultura familiar, durante o primeiro mandato, é negativo. O governo favoreceu muito mais o agronegócio do que as demandasdos pobres do campo", queixou-se.A 4ª Semana Social Brasileira, que termina amanhã (19), tem como objetivo estimular a participação cidadã no debate sobre os problemas do país. Segundo Dom Demetrio, as dioceses e igrejas têm que incentivar essa ação popular. "Há um déficit de participação da cidadania. Queremos incentivar a organização do cidadão para que participe não só em momentos esporádicos, em tempo de eleição, mas reflita os problemas de maneira constante e participe da solução", observou.