Ex-assessora do Ministério da Saúde nega ter visto pagamento de propina a parlamentares

31/10/2006 - 20h00

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, que também trabalhou na Planam, negou hoje (31) ter presenciado o recebimento de propina por deputados ou assessores parlamentares para a compra superfaturada de ambulâncias, através de emendas orçamentárias. Ela foi ouvida no Conselho de Ética da Câmara, durante três horas, e negou parte do depoimento prestado no dia 8 de maio na Polícia Federal. O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), informou que o depoimento de um dos sócios da Planam, Luiz Antônio Vedoin, que estava preso em Cuiabá e foi solto hoje, deverá será tomado no próximo 7, no Conselho de Ética. Se ainda estivesse preso, Vedoin seria ouvido na sede da PF em Brasília, uma vez que é proibida a tomada de depoimentos de presos nas dependências da Câmara. Além de Vedoin, serão ouvidos, na próxima semana, quatro deputados que respondem a processos de cassação no conselho.Maria da Penha prestou depoimento, como testemunha, na maioria dos 67 processos contra os deputados, por suposto envolvimento no esquema. Ela alegou que, durante o depoimento na sede da PF em Brasília, não teve acompanhamento de advogado e que não leu a transcrição de sua conversa, digitada pessoalmente pelo delegado Tardelli Boaventura.“Errei em não ter lido o depoimento. Uma coisa é o que se fala, e outra é o que colocam no papel”, afirmou a ex-assessora. E acrescentou: “O delegado transcreveu de forma errada o meu depoimento.” Segundo ela, a lista apresentada durante depoimento na PF continha nomes de parlamentares que haviam apresentado emendas transformadas em projetos pelos municípios para aquisição de ambulâncias através da Planam.Maria da Penha chorou durante o depoimento na Câmara e lamentou: “É triste ser envolvida numa situação dessa e ser tratada como criminosa”. Ela disse que, em nenhum momento, viu qualquer parlamentar receber dinheiro dos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin, donos da Planam, empresa acusada de comandar o esquema de venda superfaturada de ambulâncias. A ex-assessora do Ministério da Saúde contou que apenas ouviu, de um motorista da Planam, que a família Vedoin pagava propinas para os parlamentares apresentarem emendas para aquisição de unidades móveis de saúde. Para o presidente do conselho, o depoimento apresentou contradições que serão analisadas pelos relatores dos processos contra os parlamentares. “Foi muito importante a vinda dela ao conselho, para esclarecimentos de alguns detalhes, como se havia propina ou não e sobre os  projetos”, afirmou Izar.