Pelo menos US$ 109,8 mil apreendidos pela PF saíram de corretora na Baixada

30/10/2006 - 18h41

Priscilla Mazenotti
Enviada especial
Cuiabá (MT) - A Polícia Federal em Cuiabá divulgou que a investigaçãojá sabe que pelo menos US$ 109,8 mil dos US$ 248,8 mil apreendidos na negociaçãodo dossiê contra políticos do PSDB saiu da casade câmbio Vicatur, no município de Nova Iguaçu,no Rio de Janeiro.Asdiligências mostraram irregularidades na venda e conseguiramidentificar 11 “laranjas” do esquema, ou seja, pessoas cujos nomes são usados por terceiros para cometerem atos ilícitos - emprestados ou sem que os laranjas saibam.Pelas irregularidades apuradas, os donos da Vicatur, Fernando RibasSoares e Sirlei da Silva Chaves, serão indiciados por crimecontra o sistema financeiro, formação de quadrilha elavagem de dinheiro.Os 11 "laranjas” ainda estão sobinvestigação e podem também estar ligados à corretora. Eles não deverão ser indiciados pelos mesmos motivos que os donos da Vicatur.Segundoa Polícia Federal, um dos donos da Vicatur confessou que usavaum mesmo “laranja” para operações semelhantes desde2000. A pessoa, segundo a investigação, saberia dasfraudes e receberia dinheiro para emprestar o nome ao esquema. Osinvestigadores afirmam que nenhum dos donos confessou quem teriapedido a operação de venda dos dólares.A Polícia Federal vai mandar cópias das diligênciasfeitas nos últimos dias para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o caso e para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).Ontem (29), o superintendente da PF em Cuiabá, Daniel Lorenz, disse que a Polícia Federal deve indiciar nos próximos dias os seisacusados de envolvimento na compra de dossiê contra políticos tucanos. Adificuldade, segundo ele, é “tipificaros crimes” que teriam sido cometidos por Freud Godoy, Jorge Lorenzetti, OswaldoBargas, Expedito Veloso, Gedimar Passos e Valdebran Padilha.Lorenz afirmou que os envolvidos podem ser indiciados porlavagem de dinheiro e formação de quadrilha. “Estamos trabalhando com todo o cuidado para ligar a condutaao tipo de crime”, disse Lorenz. “Há um cuidado para não se fazer uma tipificação absurda”.Osuperintendente disse que os seis podem ser acusados de terem cometidoalgum crime por conta do indiciamento dos donos da empresa operadora deCâmbio Vicatur, de onde saiu parte dos dólares usados para comprar osdocumentos. "Se alguémrecebeu dinheiro, vai ser indiciado por extensão”. O delegado DiógenesCurado Filho, responsável pelas investigações, já tem os sigilos dascasas de câmbio. Segundo ele,"as diligências em Ouro Preto e no Rio de Janeiro foram bastanteproveitosas".