Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser prejudicial às camadas mais pobres da população. Lula se colocou como a figura conciliadora no diálogo entre as classes sociais, e isso só favorece quem já detém poder.
A avaliação é do assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Isidoro Revers. “A política de conciliação sempre será favorável a quem tem mais poder econômico e político. Quando, em um processo de conciliação, a elite brasileira vai aceitar ter menos ganho, que ela perca os lucros obtidos através dos juros, por exemplo?”.
Ele diz que que a postura conciliatória adotada pelo presidente fará com que os mais pobres deixem de lutar contra o atual modelo político e econômico, bem como por mudanças estruturais.
De acordo com Revers, que já foi coordenador da CPT, sob a perspectiva de mudanças estruturais na economia brasileira, o governo Lula é uma continuidade de governos anteriores.
“Um governo de conciliação sempre vai prejudicar o setor mais pobre, o setor dos trabalhadores, mesmo que o governo tenha políticas sociais que atendam os excluídos, como Bolsa Família”, avaliou.
Com um governo de conciliação, acrescenta, será mais difícil fazer com que a reforma agrária avance. “A única coisa que vai ser feita é assentar as famílias que eventualmente estão provocando as tensões sociais”.
Umas das alternativas apontadas pelo representante da CPT para que os mais pobres, principalmente os que vivem no campo, sejam beneficiados, é o governo adotar “uma ação corajosa que caminhe no sentido de fazer uma reforma agrária em regiões em que os assentamentos possam se viabilizar economicamente”.