Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os órgãos públicos, como Polícia Federal, Ministério da Justiça e Ministério Público, precisam tomar dois cuidados ao tratar os escândalos políticos que historicamente ocorrem às vésperas das eleições presidenciais: "apurar e investigar". Essa é a avaliação do membro da Comissão de Defesa da República e da Democracia do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Joelson Dias. "Também é preciso não inverter a ordem das coisas”. Segundo Dias, “muitas pessoas foram acusadas e condenadas injustamente e obviamente não é a esse estado que queremos retornar. Queremos a punição dos culpados para que não prevaleça a impunidade, mas queremos também que essas pessoas tenham seu direito assegurado”. Para o advogado da OAB, a Polícia Federal tomou esse cuidado. “Vem investigando, não há evidências de que estivesse acobertando, nem a oposição parece ter divulgado isso. O que a oposição e a sociedade querem é uma investigação séria”. Joelson Dias entende, que em uma sociedade democrática, os escândalos são normais. “Temos que aprender a conviver com isso”.Na semana passada, a OAB divulgou publicamente uma nota em que reclamava que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes de se eleger, costumava ir até a Ordem e, após ser empossado, nunca mais voltou. Para Joelson Dias, a divulgação do comunicado, às vésperas da eleição, não configura um posicionamento político. “A Ordem não poderia deixar de se manifestar. O presidente Lula realmente, antes das eleições, por várias vezes visitou a entidade”. Para ele, “foi uma crítica construtiva e positiva, independente do presidente que foi eleito. O que a ordem quer é se colocar a disposição para que ele possa debater com a Ordem todas essas questões”. Ele conta que a OAB ainda não tem um posicionamento político sobre o Projeto de Lei do senador Valmir Amaral (PTB-DF) que pretende desvincular as polícias federais do poder executivo e dar estatus de ministro ao diretor-geral da instituição. “Será objeto de discussão na comissão de Defesa da Democracia da OAB assegurando a participação do Conselho Federal da entidade e da sociedade antes que a Ordem chegue a uma conclusão e uma proposta definitiva sobre o tema”.