Mylena Fiori
Enviada especial
Belém (PA) - Três temas dominaram a campanha eleitoral para governador doPará: segurança, saúde e educação. Não foi por acaso. Menos preocupados comescândalos de corrupção envolvendo os partidos dos dois candidatos que disputamo segundo turno – Ana Júlia Carepa, do PT, e Almir Gabriel, do PSDB –, paraensesde todas as classes sociais querem menos violência, ensino para as crianças eserviços de saúde de melhor qualidade.“A segurança é o principal problema aqui, tem muito bandido.Educação ajuda, mas também tem que ter mais polícia”, diz Davi Mendonça, de 48anos, vendedor de castanhas no mercado Ver o Peso, em Belém. O colega defeira Jonas Nunes de Lima, de 39 anos, concorda: “A gente precisa de segurançanas ruas, policiamento, pois a violência não está deixando a população dormirdireito. É assim em todo o Pará”Até mesmo quem trabalha com segurança reconhece que esse éum dos grandes problemas do estado. “Está deixando adesejar, principalmente nos bairros de periferia, onde a polícia não entra”,avalia o vigilante Abraão José, de 40 anos. Ele revela que um colega deprofissão chegou a fazer greve de fome em frente à seccional da polícia,pedindo segurança, pois já tinha sido assaltado 15 vezes. “No interior épior ainda, é todo mundo armado, parece que não tem lei”, conta.Para Líbia de Castro, 58 anos, dona de uma barraca delanches no centro de Belém, a saúde deve vir em primeiro lugar. Ela relata quehá mais de dois meses espera por uma consulta com um oftalmologista na rede de saúdepública da capital. “Nem sei se vou ser atendida. É sempre assim nos centros desaúde”, diz, com desânimo. Mas não perde a esperança: “Se Deus quiser, issoagora vai melhorar”. Essa também é a expectativa do médico André Salame, de 29anos. “Espero que olhem principalmente para a saúde e a educação, dando umabase para as que as crianças de hoje tenham emprego e uma condição melhoramanhã. Acho que falta muita coisa, mas a educação é a base de tudo, pois quandoa pessoa tem educação, conscientização, ela olha para o lado e não deixa ovizinho, parente ou amigo entrar numa roubada, como cair na prostituição oucoisa pior”, diz. A dona de casa Sueli Elias, de 65 anos, também diz esperar queos novos governantes priorizem saúde e, em especial, educação de crianças ejovens das periferias: “Na nossa região a assistência em saúde é muitodeficiente. Na educação, está precisando investir mais em professores bons,sobretudo na assistência a crianças e jovens da periferia, que não têm às vezesnem condições físicas de estudar”. “Os novos governantes têm que colocar polícia na rua, porqueacho segurança fundamental. E, principalmente na região Norte, olhar pelaeducação de todo mundo, porque aqui, infelizmente, devido à ignorância, são eleitos aqueles que não deveriam ser eleitos. A educação é fundamental”,diz uma empresária de 26 anos, que prefere não se identificar.