No Recife, negros morrem mais, por causa de doenças e da violência, diz pesquisa

26/10/2006 - 17h39

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - A população negra que vive no Recife (PE) morre mais, proporcionalmente, em conseqüência da violência, doenças infecciosas e enfermidades do aparelho digestivo do que os habitantes que se declaram como brancos, índios e amarelos. A constatação é de um estudo epidemiológico encomendado pela secretaria municipal de Saúde. O levantamento, feito pela diretoria de vigilância, foi apresentado hoje (27) aos participantes do 1º Seminário de Saúde da População Negra, promovido pela prefeitura do Recife. A atividade integra a programação do Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde, celebrado amanhã (27) em todo o país.A pesquisa mostra que das 9.894 pessoas que morreram no ano passado na cidade, cerca de 58% eram da raça negra. Desse grupo, 84% perderam a vida por causa de acidentes de trânsito e homicídios. A sanitarista Sony Santos, da diretoria de vigilância a saúde, atribui a alta incidência de mortalidade entre os negros que vivem na capital  pernambucana à falta de acesso a informações de prevenção da saúde, ao baixo poder aquisitivo que obriga essa população a viver em localidades de risco e à pouca escolaridade.Segundo a coordenadora de saúde da prefeitura, Miranete Almeida, o estudo será aproveitado para melhorar a política municipal de atenção à saúde da população negra, com o reforço de ações de prevenção de doenças infecciosas.Dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, indicam que dos 7,9 milhões de habitantes de Pernambuco, 57,84% se declaram negros.