Presidente do PPS anuncia desfiliação de Maggi, governador não reconhece

18/10/2006 - 20h33

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), anunciou na tarde de hoje (18) a desfiliação do governador reeleito do Mato Grosso, Blairo Maggi, que na semana passada declarou apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PRB/PCdoB) à Presidência da República. A assessoria de Maggi afirma que o governador não reconhece a desfiliação.Em nota publicada na página do PPS na internet, o partido afirma que ontem (17) recebeu, por e-mail, correspondência de Maggi comunicando que não apoiaria Alckmin por problemas locais com o PSDB. O governador teria oferecido duas alternativas ao Diretório Nacional: uma licença até o final da eleição ou a desfiliação. Desde o primeiro turno, o PPS apoia informalmente o candidato Geraldo Alckmin (PSDB/PFL).A assessoria de Maggi confirma o envio do e-mail, mas diz que foi uma correspondência pessoal, dirigida a Roberto Freire, manifestando o desejo de desfiliação do PPS caso a licença não fosse concedida.De acordo com o governador, nem caberia apresentar pedido formal de desfiliação ao presidente do partido e, sim, ao diretório ao qual Maggi é filiado, em Rondonópolis. O governador reeleito, segundo a assessoria, não pretende se desfiliar até a discussão do assunto pelo partido. A decisão de Maggi, de acordo com seus assessores, atende a apelo de lideranças locais do PPS.Já a assessoria do partido diz que Maggi está tentando voltar atrás por pressão de empresários do agronegócio e que, caso ele não apresente pedido formal de desfiliação, o PPS abrirá processo de expulsão.Ainda segundo nota, o presidente do PPS preferiu desfiliar o governador “por considerar inaceitável o episódio da troca de apoio à candidatura de Lula por liberação de R$ 1 bilhão para Mato Grosso e mais R$ 3 bilhões para o setor de agronegócio em outros estados”."Firmamos nossa imagem de partido sério, que não tem medo de perder um governador, assim como não titubeamos ao abrir mão de um ministro (Ciro Gomes). No PPS, as decisões partidárias existem para ser respeitadas e se sobrepõe aos interesses de quem quer que seja", justifica Freire, em nota.A coligação Por um Brasil Decente (PSDB/PFL), que apóia Alckmin, entrou com pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a investigação do apoio de Maggi a Lula. Os partidos consideram que o apoio só teria sido divulgado após uma promessa do presidente em liberar cerca de R$ 3 bilhões para o agronegócio em Mato Grosso. A campanha de Alckmin entendeu que a decisão do presidente da República configurou abuso de poder econômico e político.