Ainda estão foragidos três acusados de tortura no litoral do Paraná

11/10/2006 - 10h49

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - A Justiça ainda procura três guardas municipaisde Paranaguá, litoral do Paraná, acusados de tortura e abuso de autoridadecontra mendigos que ficavam nas ruas da cidade. Já estão preso em Curitiba, porenvolvimento no crime, o secretário municipal de Segurança Pública deParanaguá, Álvaro Domingues Neto, e quatro guardas municipais.

Todas as prisões foram decretadas na tarde desegunda-feira (9), pela 2.ª Vara Criminal de Paranaguá. O inquérito, jáconcluído pela Polícia Civil, indica que os guardas municipais usavam forçapara tirar os mendigos das ruas, os torturavam e os abandonavam em viaspúblicas em um bairro da periferia de Curitiba e na cidade de Registro, estadode São Paulo.

De acordo com o delegado Valmir Soccio, titularda Delegacia de Paranaguá, as investigações começaram em março deste ano pordeterminação da Secretaria Estadual da Segurança Pública, a partir de denúnciado padre da cidade, Adelir Antonio de Carli, ao Ministério Público Estadual,sobre a prática dos guardas municipais.

O vice-prefeito da cidade, Antônio Ricardo dosSantos afirmou em depoimento, que "por uma única vez, por solicitação dospróprios mendigos" eles foram levados para Curitiba.

Dez moradores de rua foram ouvidos pela polícia edenunciaram ser vítimas de perseguição, maus-tratos e remoção forçada pelaGuarda Municipal de Paranaguá. Com os depoimentos, a polícia paranaenseidentificou sete guardas que teriam participado do transporte e das torturas.Deacordo com relatório da polícia, a maioria dos guardas confirmou, em parte, asacusações.

O caso foi repassado para o delegado LeonylRibeiro, da Divisão Policial do Interior, designado especialmente para concluiras investigações inclusive de moradores de rua que foram encontrados mortosrecentemente. Ele acredita que até a próxima semana já possa apresentar osresultados.A OAB Paraná divulgou nota afirmando que acompanha as investigações há cercade cinco meses, desde quando foi notificada do caso. Integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB devem divulgar nas próximashoras  as providências que serão exigidas para garantir a integridade dosmoradores de rua de Paranaguá. Para o vice-presidente da Comissão de DireitosHumanos da OAB Paraná, Marino Galvão, a situação é muito grave. "A pena dedegredo não existe no Brasil desde o Império, mas aparentemente foi o queaqueles moradores sofreram".