Decepção e apatia marcam eleitores no debate do primeiro turno, diz cientista político

02/10/2006 - 0h11

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O debate no primeiro turno das eleições deste ano foi muito superficial, na avaliação do cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas. “Foi uma discussão superficial e desinteressante em todas as áreas, e gerou uma grande apatia da população", afirmou Caldas em entrevista ontem (1º) à Radiobrás. Segundo ele, comparando os programas de governo de todos os candidatos à presidência da República, "todos, sem exceção, foram de uma superficialidade inacreditável". Na opinião do cientista político, a decepção e apatia são características presentes nos eleitores de baixa e alta renda. “Eu vi os jovens o tempo todo anestesiados, apáticos. O que é pior, eles perderam o sentimento de indignação”, disse, acrescentando que as pessoas passaram a aceitar a corrupção como algo normal. “O que é absolutamente preocupante”.Caldas realizou uma pesquisa com alunos da UnB, segundo a qual, há descrédito de parte dos eleitores com as instituições brasileiras. O levantamento mostrou que 87,4%, das 600 pessoas entrevistadas no Distrito Federal, não acreditam mais nos políticos. Além disso, 80% dos entrevistados também não crêem no poder Legislativo; 60% não acreditam no Executivo; e 50% não acreditam no funcionamento da Justiça. “A pesquisa mostrou também que um terço dos eleitores não acredita mais no funcionamento da democracia", acrescentou o cientista político.Para Caldas, existe um hiato entre a política e a sociedade civil. Ele disse que tornar o voto facultativo não iria solucionar o problema. "O voto obrigatório cumpre algumas funções que são importantes até para a gente entender melhor o país". Segundo ele, com o voto obrigatório, o candidato acaba tendo que percorrer todo o país durante a campanha política. "No dia que o voto deixar de ser obrigatório, os principais candidatos vão concentrr sua campanha no eixo Sul e Sudeste".