Jornalista que foi assessor de Ulysses vê "promiscuidade" entre institutos, candidatos e mídia

30/09/2006 - 19h45

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O jornalista Jorge Bastos Moreno, assessor de imprensa do deputado Ulysses Guimarães nos anos 80, publicou esta semana em seu blog na internet uma série de críticas à relação entre os institutos de pesquisas eleitorais, candidatos e mídia. De acordo com ele, essa relação é “promíscua” e precisa ser modificada.Moreno defende que os institutos de pesquisa não prestem serviço, ao mesmo tempo, para políticos e meios de comunicação. Caso isso aconteça, na opinião dele, esse dado não pode ser omitido do eleitor, até mesmo na divulgação de pesquisas que foram contratadas exclusivamente por determinado meio de comunicação.“A pesquisa pode induzir o eleitor leviano a ir para um lado ou para o outro. O fato de um instituto de pesquisa trabalhar para um candidato e para um jornal não torna a pesquisa questionável, em princípio, mas o eleitor precisa de transparência para fazer seu julgamento”, avalia Moreno.“Acho que caberia à própria mídia reagir a isso. Todo mundo do meio concorda que instituto de pesquisa que trabalha para um candidato não pode trabalhar para a mídia. É uma coisa de postura ética, é incompatível. É uma coisa promíscua. Diminui a credibilidade.”Em seu blog, o colunista do jornal O Globo revela que, quando era assessor de Ulysses, ele chegou a presenciar a oferta de pesquisas eleitorais falsas, que poderiam favorecer os candidatos.De acordo com Moreno, essa ainda é uma prática relatada por políticos de vários estados. A presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa de Mercado, Adélia Franceschini, afirma que, de fato, a associação recebe denúncias sobre pesquisas regionais manipuladas. “Em geral, são denúncias referentes a institutos pequenos, que não atuam nacionalmente. São empresas ligadas até familiarmente ao político local e que em geral não estão cadastradas na Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep)”, afirma Franceschini. Sobre a relação entre institutos de pesquisa, candidatos e mídia, Adélia não concorda com a incompatibilidade na prestação de serviço para meios de comunicação e políticos. “As empresas agem profissionalmente nesse sentido. Como em todas as áreas, trabalhamos com clientes diferentes. E não há necessidade de agir diferente nesse caso.”