Na última semana da campanha, institutos registram 113 pesquisas eleitorais no TSE

29/09/2006 - 15h17

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As urnas das eleições de 2006 serão abertas para receber os votos dos eleitores apenas no próximo domingo de manhã. Nos últimos meses, entretanto, centenas de levantamentos tentaram prever e adiantar o resultado dessa escolha.

De 1º de janeiro a 22 de setembro, os institutos de pesquisa do país registraram 362 pesquisas sobre intenção de voto para presidente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na última semana de campanha, esse número pulou para 475  – 113 estudos registrados em sete dias, mais de 16 por dia.

Uma resolução do TSE de março deste ano (número 22.143) determinou que, cinco dias antes da divulgação, todas as pesquisas eleitorais fossem registradas nos tribunais, incluindo-se os dados sobre sua metodologia, a origem dos recursos e questionários aplicados.

Caso a lei não seja cumprida, os infratores podem ser multados entre 50 mile 100 mil Ufirs. Eventuais fraudes acarretam, além da multa, detenção de seis a12 meses.

Quando os estudos envolvem sondagem sobre os candidatos a presidente, esse registro deve ser feito no próprio TSE. De acordo com a resolução, as pesquisas que não forem destinadas à divulgação não precisam de registro.

"Isso significa que o número de levantamentos realizados pode ser ainda maior", destaca o cientista político Alberto Almeida, autor do livro Como São Feitas as Pesquisas Eleitorais e de Opinião (Editora FGV). Almeida é diretor-técnico da Ipsos Opinion, empresa que faz estudos eleitorais para partidos e campanhas.

A maior parte das pesquisas não é divulgada, explica ele. "São pesquisas que não mostram apenas a preferência do eleitor, mais avaliam a imagem do candidato, as principais questões levantadas pelos eleitores e as possíveis soluções para os problemas", diz o cientista político.

Na avaliação dele, as pesquisas eleitorais desempenham diversos papéis no processo eleitoral. Para os meios de comunicação, funcionam como notícia. Para o eleitor, como informação. E, para os candidatos, são elemento essencial para as estratégias de campanha.

"Este ano, observamos um menor número de questionamentos com relação às pesquisas divulgadas na imprensa sobre a disputa pela presidência. Acho que isso se deve ao fato de ser uma eleição teoricamente mais definida desde o início. Quando você tem um candidato com a preferência maior, a margem para a controvérsia diminui", dizAlmeida. 

Para o pesquisador, a maioria dos institutos de pesquisa brasileiros trabalha com metodologias validadas internacionalmente e confiáveis. "As suspeitas de manipulação de dados, em geral, vêm das disputas regionais. As pesquisas locais são mais questionadas, e as suspeitas de favorecimento político, mais freqüentes."

De acordo com a prestação de contas registrada no TSE em 6 de setembro, a campanha do candidato à reeleição presidencial Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastou, até o início deste mês, R$ 1,1 milhão com pesquisas eleitorais.

O comitê de financiamento da campanha do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) registrou um gasto de R$ 773,5 mil com os levantamentos eleitorais. Não constam gastos com pesquisas na prestação de contas dos outros candidatos e comitês disponibilizadas pelo TSE.