Tratamento humanizado em saúde é pedido de movimentos para novo governo

15/09/2006 - 10h38

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Diferenciação é a palavra chave para humanizar e melhorar a saúde dos brasileiros, na visão da Central dos Movimentos Populares (CMP). Especializar os atendimentos de crianças, adolescentes, idosos, mulheres, índios e até mesmo os moradores de rua é o que os movimentos esperam do Ministério da Saúde nos próximos quatro anos.“É preciso também investir em pessoal já que são necessários mais especialistas”, diz José Cláudio dos Santos, que representa a Central dos Movimentos Populares no Conselho Nacional de Saúde.Os moradores de rua e as comunidades das favelas também precisam de uma atenção especial. Esse atendimento poderia ser feito com equipes específicas nos moldes do programa Saúde da Família, que eles já chamam de “Saúde de Rua”. As equipes contariam com psicólogos e o atendimento englobaria ainda casas de passagem e de apoio. “Em São Paulo pessoas morrem de frio dormindo na rua”, lembra Santos. Segundo ele, a Central dos Movimentos Populares espera que saúde e assistência social caminhem mais juntas. “Os moradores de rua e os pobres muitas vezes não são atendidos nos postos por falta de endereço ou de documentos.”Para as crianças, os movimentos vêem como necessidade um atendimento específico para que elas se sintam melhor nas unidades de saúde e fiquem distantes dos demais atendimentos. “Um tipo de creche, onde a criança possa se sentir bem e não estar misturada com os outros.”Além de campanhas e políticas para as doenças que afligem os mais idosos e os cuidados necessários com as crianças, para os movimentos sociais, há uma parcela da população que também precisa ser melhor atendida pelas políticas públicas: os adolescentes. Nesse caso, especialmente no que diz respeito às drogas.Apesar de o assunto já constar em campanhas de saúde e possuir centros específicos para tratamento, os Centros de Apoio Psico-social - Álcool e Drogas (CAPS-AD), Santos defende que é preciso “sair dos hospitais e ir até as escolas dialogando com os adolescentes por meio de palestras sobre drogas, gravidez na adolescência, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e nutrição".O representante da sociedade civil ressalta ainda que é necessário discutir a humanização no atendimento de saúde, que deve ser feito a partir da realidade do paciente. A questão das drogas ainda "é uma discussão muito nova e preconceituosa porque envolve gays, prostitutas e pessoas de rua".Para Santos, humanizar o atendimento é também reduzir gastos. “É melhor investir em psicólogos do que depois em tratamentos, é melhor distribuir preservativos que gastar depois com coquetéis.”