Jovens de cinco regiões metropolitanas e do DF representam 45,5% dos desempregados, aponta Dieese

14/09/2006 - 18h00

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O número de desempregados na faixa de 16 a 24 anos de idadeatingiu, em 2005, 1,473 milhão de pessoas nas cinco principais regiõesmetropolitanas do país - São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre e BeloHorizonte e no Distrito Federal. Esse contingente representava  45,5% dototal de trabalhadores sem emprego nesses locais (3,241 milhões). Já os queforam absorvidos pelo mercado de trabalho alcançaram a 3,157 milhões ou 20,7%do universo de empregados com idade acima de 16 anos. Os dados estão em um documento de estudo e pesquisa sobrea ocupação dos jovens no mercado de trabalho divulgado ontem (13) peloDepartamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De acordo com o levantamento, a população jovem de 16 a 24anos de idade era de 6,452 milhões de pessoas, 23,8% da população com idadeacima de 16 anos. E do total das pessoas aptas a entrarem no mercado detrabalho, os jovens de 16 a 24 anos somavam 4,629 milhões.Os técnicos do Dieese, no entanto, classificaram como“bastante elevada” a taxa de participação desses jovens no mercado de trabalho,superando inclusive a de pessoas com idade acima de 25 anos nas regiões de SãoPaulo, Porto Alegre, Belo Horizonte. No Distrito Federal foi identificado umcerto equilibro da taxa, enquanto ocorreu o contrário nas regiões metropolitanasde Recife e Salvador, onde predominaram as taxas de participação da populaçãocom 25 anos e mais. A pesquisa revela ainda que as chances de ocupação forammelhores em áreas de economia mais dinâmica. Em Porto Alegre, a taxa dedesemprego atingiu 26,3% e em Salvador, 41,4%. Na análise técnica também é destacado que a dificuldade dosjovens é mais acentuada quando disputam vagas com trabalhadores de maiorexperiência profissional. “Esse é um dos principais fatores de desagregaçãosocial no período atual brasileiro”, ressalta o documento. Os adolescentes nafaixa de 16 a 17 anos são os mais atingidos pelo desemprego, e entre os rapazese moças, elas são as mais excluídas. Comparando 2005 com 2004, o estudo observa queda na taxa departicipação dos jovens em quase todas as regiões, exceto São Paulo, onde opercentual saltou de 76,7% para 76,8%. Esse recuo pode em parte estar associadoao desalento, diz o documento. Na análise, os técnicos salientam ainda que os jovens maispobres encontram maior dificuldade em conciliar estudo e trabalho. Em Salvador,no ano passado 69,4% dos jovens ocupados nas famílias de baixo poder aquisitivoapenas trabalhavam. No Distrito Federal, esse percentual foi maior, 78,9%. Já nas famílias de maior renda no Distrito Federal foramencontrados 46,8% dos jovens ocupados que apenas trabalhavam.Quanto à formação, predominou entre os mais pobres o ensinofundamental incompleto. Já entre os mais ricos, foi verificado com maisfreqüência jovens com ensino médio completo. As chances de arranjar empregoforam maiores no setor de serviços, que absorveu 61,9% dos jovens ocupados noDistrito Federal e 55,1% em Salvador. O comércio aparece em segundo lugar emBelo Horizonte, Distrito Federal, Recife e Salvador. Em Porto Alegre e SãoPaulo, o maior empregador foi a indústria. O estudo mostra também que em geral o jovem ocupado é dosexo masculino com ensino médio completo e, na grande maioria das vezes, cumpreuma jornada de trabalho acima de 39 horas. O rendimento oscila entre um e dois salários mínimos eprevalece o vínculo de trabalho com carteira assinada. Os mais pobres apenastrabalham e não estudam e têm rendimentos inferiores a um salário mínimo.