Suassuna depõe na terça-feira no Conselho de Ética do Senado para explicar acusações

06/09/2006 - 19h19

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Ney Suassuna (PMDB-PB), através de sua assessoria de imprensa,informou que não irá comentar as acusações recentes; irá explicá-las todas napróxima terça-feira (12), quando prestará depoimento no Conselho de Ética doSenado.O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dosSanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse ter ouvido dosenador Ney Suassuna (PMDB-PB) que 90% dos parlamentares recebem uma“beirada” das emendas. Biscaia foi o primeiro a depor nesta terça-feira (6) no Conselho de Ética doSenado. Segundo ele, a afirmação foi feita quando o senadorparaibano o procurou na sala da CPMI para ver o processo que corre contraele.Suassuna é acusado de participar do esquema de compra superfaturada deambulâncias, feita, principalmente, por meio de emendas paralmentares. Hoje, aoconselho, Biscaia disse que, no mesmo instante em que ouviu asdecalarações do senador, negou conhecer tal fato e afirmou que issoé crime. Ainda de acordo com o deputado, Suassuna disse que não estavaenvolvido no esquema, e que isso era "coisa" de seu ex-assessor,Marcelo Cardoso de Carvalho.Segundo a assessoria de imprensa do senador paraibano, Suassuna teria ditoque Biscaia está “equivocado”. Não teria sido ele, Suassuna, quem disse que amaioria dos parlamentares recebem uma “beirada” das emendas.Outraacusação recebida pelo Conselho de Ética do Senado veio da ex-assessora do Ministérioda Saúde, Maria da Penha Lino. Ela disse que chegou a verificar aexistência de emendas para o senador Suassuna. Em um dos ofícios, supostamenteenviados pelo senador no final do ano passado, ela informou a assessoriaparlamentar que os valores não conferiam.De acordo com a assessora parlamentar do Ministério da Saúde, MarlianeCavalcanti, que também depôs no conselho, os municípios paraibanos não tinham pré-projetos prontos paraliberação de recursos para compra de ambulâncias. Segundo ela, um novo ofício,supostamente assinado pelo senador, do dia 30 de dezembro, pede que osrecursos sejam redirecionados a uma organização não-governamental do Rio deJaneiro.Marilane contou ao Conselho de Ética que em janeiro o senador ligou para saberda liberação de emendas e ela informou que a única que não havia sido aprovadapela área técnica foi a relativa a da organização não-governamental. O senador Demóstenes Torres disse que o depoimento de Marilane Cavalcanti apresentacontradições. “Ela deixa a entender que ele já sabia da existência desseofício. Então, se era um ofício com uma assinatura falsa, se, para o senador,ele não existia, como ele cobra?”, argumentou.