Para deputado, depoimentos no Conselho de Ética foram contraditórios

06/09/2006 - 19h13

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Paulo Octávio(PFL-DF), relator do processo por quebra de decoro contra a senadoraSerys Slhessarenko (PT-MT), disse que os depoimentos de Paulo Robertoe Ivo Spínola no Conselho de Ética do Senado, queocorreram às portas fechadas, foram “bastantecontraditórios”, mas poderão ajudar nasinvestigações. Ambos são suspeitos deenvolvimento com o esquema de fraudes para a compra superfaturada deambulâncias.Paulo Roberto, segundoas investigações, teria recebido dinheiro do esquema emnome da parlamentar; e Spínola seria o intermediador doesquema entre a Planam e o genro da senadora. A empresa Planam éacusada de comandar o esquema de venda irregular de ambulânciasa preços superfaturados com utilização deemendas parlamentares ao Orçamento da União.“Durante odepoimento, fizemos uma acareação entre os dois. Ascontradições são diversas. Elas se referem, porexemplo, à quantia do dinheiro entregue a Paulo Roberto e aonúmero de encontros”, disse Paulo Octávio. Segundoacusações, o genro de Serys Slhessarenko teria recebidoda família Vedoin duas quantias de dinheiro em troca daapresentação de emenda parlamentar ao orçamentopara compras de ambulâncias superfaturadas. Uma quantia seriade R$ 35 mil, em espécie, e a outra, de R$ 37.200, emcheque.Conforme relatou o senador pefelista, Paulo Robertoconfirmou em depoimento que recebeu R$ 37.200 em cheque, mas que estevalor seria referente a um pagamento de venda de materiaishospitalares, e não referente à pagamento de propina.Com relação aos R$ 35 mil reais, no entanto, ele (PauloRoberto) nega ter recebido este valor. “Paulo Roberto diz que nuncarecebeu os 35 mil reais e Ivo declara que viu a entrega de recursosao senhor Paulo Roberto, mas não precisou a quantia”, dissePaulo Octávio.Com a intenção de pôrfim a essas contradições, o Conselho de Éticamarcou para a próxima terça feira uma mega acareaçãoentre Paulo Roberto e Ivo Spínola e os empresários daPlanan, Darci Vedoin e seu filho Luiz Antônio Trevisan Vedoin.O senador DemóstenesTorres, relator do processo contra o senador Magno Malta, que tambémassistiu aos depoimentos, disse que esta acareação seráfundamental para desfazer as contradições. “Precisamossaber de que lado essas mentiras estão aparecendo. Sãomuitas as contradições: se foi cheque ou dinheiro, sede fato aconteceram essas duas operações e o casamentodisso. O mais estranho é que a emenda apresentada pelasenadora teria sido no valor de R$ 700 mil. Então, os valoresR$ 35 mil em espécie e R$ 37.200 em cheque batem com abeirada, que, segundo revelou Vedoin, seria em torno de 10% do valorda emenda”, finalizou Demóstenes.