Operações de crédito crescem mais com empréstimos pessoais

23/08/2006 - 19h55

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As operações de crédito destinadas ao setor privado tiveram expansão de 1,6% no mês de julho e atingiram R$ 647,8 bilhões. O resultado reflete a manutenção do crescimento de empréstimos para pessoas físicas e o incremento dos financiamentos para outros serviços e indústria, como mostra o relatório sobre Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro, divulgado hoje (23) pelo Departamento Econômico do Banco Central.Mais uma vez, as operações com recursos livres cresceram mais nos empréstimos pessoais, com evolução de 1,5% no mês e que já soma expansão de 28,2% nos últimos 12 meses, enquanto o incremento de crédito para pessoas jurídicas aumentou 1,2% e 17,1% respectivamente. Com isso, a carteira de empréstimos a pessoas físicas, no total de R$ 179,8 bilhões, se aproxima das operações para empresas, que somam R$ 201,4 bilhões.A exemplo de meses anteriores, a expansão, no caso da pessoa física, está associada à evolução das carteiras de crédito pessoal e de aquisição de veículos, que tiveram incrementos de 2% e 1,8% no mês. Essas foram as duas modalidades de crédito que tiveram maiores reduções de juros em julho. Enquanto o juro do crédito pessoal caiu de 62,2%, em junho, para 59,8% ao ano, o custo na aquisição de veículos baixou de 33,3% para 32,6% ao ano.O juro do cheque especial também caiu um pouco, de 145,1% para 144,1%, mas é a modalidade de empréstimo mais cara. Isso porque o volume de operações nesse segmento diminuiu 2,2%, ao contrário do que acontece com o crédito consignado ao salário, cuja taxa desceu de 35,7% para 35,1% ao ano. Essa carteira cresceu 3% em julho, e a expansão em 12 meses chega a 52,4%, com volume de R$ 42,19 bilhões, o que corresponde a 51,1% do crédito pessoal em estoque.Na média, o custo de empréstimos para pessoas físicas atingiu 54,3% em julho, com declínio de 1,5 ponto percentual no mês e de 7 pontos percentuais nos últimos 12 meses, no menor patamar da série histórica pelo sexto mês seguido. Mas a redução dos juros não atingiu todas as modalidades de empréstimo, uma vez que as financeiras aumentaram de 57,5% para 59,6% ao ano as taxas cobradas na aquisição de produtos eletroeletrônicos.Enquanto isso, a taxa média dos financiamentos para empresas ficou em 28,3% no mês passado, com redução de 0,5 ponto percentual em julho, e é a menor taxa desde outubro de 2002, quando estava em 28,3%. Os descontos de duplicata caíram de 37,6% para 37,2% ao ano e a cobrança de promissórias cedeu de 48,9% para 47,8%, ao contrário do capital de giro que ficou mais caro, de 32,4% para 32,8% ao ano.De acordo com o relatório, anunciado pelo chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Luiz Sampaio Malan, o spread (diferença cobrada pelo banco entre captação e empréstimo) também diminuiu 0,5 ponto percentual em julho, situando-se na média de 27,5% -- a mais baixa desde dezembro de 2004. Enquanto o banco paga 14,6% ao ano na conta de poupança da pessoa física, cobra taxa de aplicação de 54,3% na concessão de empréstimo pessoal; e essa diferença cai de 14,9% para 28,3% quando o contratante é pessoa jurídica.Em sentido contrário, o Departamento Econômico do BC registrou acréscimo de 0,2 ponto percentual na taxa de inadimplência de julho, situando-se na média de 4,8%. Aumentou de 7,2% para 7,5% no caso de empréstimos pessoais com atrasos superiores a 90 dias, e a inadimplência empresarial evoluiu de 2,3% para 2,4%.