Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A aposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para este ano é de um crescimento entre 4% e 4,5% do Produto Interno Bruto – a soma de todas as riquezas produzidas no país. Para ele, a economia está crescendo mais do que os índices projetados por especialistas em pesquisas semanais. "Já temos todos os indicadores de que a economia está crescendo acima de quatro por cento. São pessimistas as previsões que falam em 3,5%”. Na última parte da entrevista exclusiva à Radiobrás, Mantega fala sobre perspectivas de crescimento, do seu compromisso de manter a carga tributária nos níveis de 2002 e Parcerias Público-Privadas (PPPs).Agência Brasil: Alguns analistas e instituições estão revendo para baixo as suas expectativas para o crescimento econômico este ano. A pesquisa semanal do Banco Central aponta para 3,53%. O senhor mantém as suas projeções?Guido Mantega: Em primeiro lugar, queria dizer que a economia está crescendo mais do que 3,5%. Essas pesquisas mudam a cada semana, vão ao sabor do vento. Em junho tivemos uma redução da atividade econômica por alguns fatores. Tivemos a Copa do Mundo, algumas greves, ataques do Primeiro Comando da Capital e até o inverno, que não chegou. Em julho já há uma aceleração da economia brasileira. A indústria automobilística acelerou, a indústria de papelão também. Há um consumo maior de energia elétrica. Já temos todos os indicadores de que a economia está crescendo acima de quatro por cento. São pessimistas as previsões que falam em 3,5%.ABr: Qual é a sua aposta para o final do ano?Mantega: A minha aposta é entre 4% e 4,5% de crescimento. No segundo semestre teremos um aquecimento maior da economia. A população tem maior poder aquisitivo. A massa salarial cresceu, o salário real cresceu. Todos os dissídios do primeiro semestre foram acima da inflação. Soma salário maior e o crédito, o cidadão tem o poder aquisitivo.ABr: O seu antecessor, ministro Antonio Palocci, estabeleceu aquilo que chamou de “compromisso de ouro”, que era a manutenção da carga tributária nos mesmos níveis de 2002. Naquele ano, a carga bruta de responsabilidade da União chegou a 24,84% do PIB. O senhor mantém esse compromisso?Mantega: Mantenho. Mais do que manter o compromisso vou mostrar já o resultado disso. De fato a carga tributária no Brasil cresceu muito. De 1995 a 2002, ela cresceu 10 pontos percentuais do PIB, que não é pouca coisa. É como falar hoje em R$ 200 bilhões. A partir de 2003, o nosso governo começou a desonerar tributos, a reduzir alíquotas. O IPI caiu sobre bens de capital de um modo geral. Caiu sobre cesta básica, Pis e Cofins caíram sobre vários produtos. De 2003 a 2006 nós desoneramos o equivalente a R$ 19 bilhões. Então, por que a arrecadação não cai? Porque a economia brasileira está crescendo e está gerando mais renda e mais lucro. As empresas estão tendo mais lucros e ao ter mais lucro, pagam imposto de renda. Além disso, está diminuindo a sonegação. Estamos combatendo a sonegação e com isso estamos arrecadando mais, mas com imposto caindo. A promessa está sendo cumprida.ABr: Mas qual é a carga que o senhor espera para 2005 e para 2006? Será acima ou abaixo dos 24,84% do PIB?Mantega: Como existe o aumento da formalização e do crescimento econômico, esses 25% não vão cair, mas por causa da formalização. Mas do ponto de vista individual, do cidadão, do ponto de vista do empresário, a carga vai cair. O sujeito vai pagar menos tributos emcima do faturamento dele. Além do que nós estamos apoiando e promovendo a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que vai desonerar as micro e pequenas empresas brasileiras. Vamos ter R$ 5 bilhões a menos de tributos em cima desse segmento por ano, que deve valer a partir de 2007, se a gente conseguir aprovar essa lei assim que terminar o recesso do Congresso.ABr: No seu discurso de posse o senhor falava de um novo modelo econômico e falava de um desenvolvimento sustentável, duradouro. Nesses quatro anos, muita coisa se concretizou, especialmente em relação aos números. Mas o desenvolvimento não aconteceu. As Parcerias Público-Privadas, por exemplo, não aconteceram. O que impediu esse desenvolvimento?Mantega: A primeira PPP está para sair. Já, já vai sair a licitação e as empresas vão poder se habilitar.ABr: Mas obras só em 2007.Mantega: O importante é começar. Você começa e novas parcerias serão aprovadas. Na verdade, nesses quatro anos nós consolidamos esses alicerces. A economia brasileira é meio frágil. É insegura, é desequilibrada. O que nós fizemos nesse período foi equilibrar a economia, dar segurança para a economia. Torná-la forte e segura. E nós já aceleramos as taxas de crescimento. Já podemos dizer que já existe um novo modelo de crescimento sendo aplicado no país. Esse novo modele gera emprego e gera renda. A produção cresce, a produtividade aumenta. Ano que vem já podemos falar em 5% ou 5,5¨.ABr: Os pobres já estão contemplados neste modelo econômico, conforme o senhor dizia no seu discurso de posse?Mantega: Estão. Nós estamos reduzindo a concentração de renda no país. A população de baixa renda está tendo aumentos reais no salário. A população que não comia já está comendo. Houve um barateamento da cesta básica de um modo geral. O salário mínimo aumentou. Então, os pobres estão participando do progresso deste país. Estão participando da riqueza que estamos construindo.