Integrantes do MST desocupam fazenda no Rio Grande do Sul

23/08/2006 - 20h43

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) deixaram hoje (23) a área da Fazenda Guerra, no município de Coqueiros do Sul, região norte do estado. Desde ontem, cerca de 800 famílias estavam no local e as lideranças dos sem-terra informaram que a decisão de sair do local foi tomada "para evitar confronto com a Polícia Militar", que havia reunido 150 homens para a retirada. O comandante da Brigada Militar (BM) no Planalto Médio, Luiz Fernando Puhl, disse que antes mesmo de os militares chegarem à fazenda a operação de retirada havia sido cancelada, por ordem do Comando Geral. Ele explicou que os policiais "tinham ordem de prender os integrantes do MST que estivessem na fazenda e dar segurança aos funcionários e proprietários, durante a destruição dos barracos montados pelos invasores". E acrescentou que decisão judicial proíbe qualquer invasão ou ato ilegal na área da propriedade. Em audiência hoje com o secretário estadual de Segurança, Omar Amorim, o deputado estadual Frei Sérgio Görgen (PT) disse estar "preocupado com o clima de tensão" em Coqueiros do Sul. "O cronograma de assentamentos está atrasado e estamos já na época do plantio, por isso é justa a reivindicação dos sem-terra", afirmou o deputado, que defende a "desapropriação imediata da Fazenda Guerra", que possui cerca de 9 mil hectares.Görgen acrescentou que "o tema da reforma agrária não pode ser mais tratado no Rio Grande do Sul pela área de segurança". Ele lembrou que em quatro anos o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) assentou 320 famílias no estado, quando a meta só para este ano era de assentar 1.070 famílias. "O governo estadual não assentou nenhuma família", denunciou.A direção estadual do MST informou que amanhã (24) integrantes do Movimento terão audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, na cidade gaúcha de Sarandi. O ministro cumpre agenda oficial no estado e, segundo o MST, "aceitou tratar da situação envolvendo a Fazenda Guerra e da demora na liberação de áreas para reforma agrária no Rio Grande do Sul".