Variação positiva do IPCA não aponta para o aumento da inflação, diz pesquisadora

11/08/2006 - 17h25

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O pequeno aumento da taxa de inflação em julho, de 0,19 %,registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), não aponta parauma tendência de alta, apesar da deflação de 0,21% ocorrida em junho. A análiseé da coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. Segundo Eulina Nunes, a inflação se mantém com o mesmocomportamento de outros meses, inclusive o do mês passado (junho), dentro deuma conjuntura favorável.“Na verdade, na série história do IPCA as taxas vêmconvergindo cada vez mais para números menores. Em junho, o IPCA chegou aregistrar uma deflação relativamente grande. Só que foi pontual, vindo da quedados preços do álcool, com oferta grande, e o resultado foi negativo. Julho, como fim da queda do preço do álcool, elevou o resultado para cima “, explicou acoordenadora.O IPCA serve de referência para a meta de inflação dogoverno, que é de 4,5% para este ano. A taxa acumula alta de 1,73% noano(janeiro/julho) e é menor do que o acumulado em igual período de 2005, quefoi de 3,42%. Nos últimos 12 meses, o índice situa-se em 3,97%, também abaixodo resultado de 4,03% referentes aos 12 meses imediatamente anteriores.O crescimento este mês do IPCA é atribuído a aumentos nosgrupos de Transportes, Alimentos e Empregados Domésticos, que incorporaram oaumento do salário mínimo. Em Transportes, a gasolina teve destaque com oaumento médio de 0,81%, após ter registrado queda de 1,60% em junho. Oálcool combustível teve alta de 1,04%, de ter contribuição decisiva para adeflação de junho com uma queda de 8,77%. O grupo também teve pressão doaumento das tarifas dos ônibus interestaduais (6,64%) e intermunicipais (3,14%)na região metropolitana do Rio de Janeiro.No  grupo Alimentação e Bebidas, a pesquisa constatouuma certa estabilidade nos preços em julho, mas o grupo teve um maior pesoporque havia registrado queda de 0,61 em junho. A alta do setor foi registradaem frutas (8,14%) e no arroz (4,33%).Já entre os produtos não alimentícios (de –0,10% para 0,22%)muitos itens mostraram desaceleração de preços, como gás de cozinha(1,54%/0,44%); vestuário (0,59% para 0,24%), devido a promoções eprodutos chineses; energia elétrica (-0,73%), com destaque  pela reduçãodas contras, principalmente em São Paulo (-0,02) e Curitiba (-5,65%). A alta dosetor foi registrada em Belém e Recife. A conta do telefone fixo ficou mais barata, caindo (-0,27%) emtodas as regiões pesquisadas a partir de 14 de julho.Entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas, a maior altafoi registrada em Brasília, no grupo Alimentos (0,87%). Salvador foi aúnica  região a apresentar deflação.“O relevante é que não tem nenhum viés. Poderíamos terresultados diferentes se estivéssemos trabalhando com outra pesquisa, mas ao longodo tempo não existe nenhuma pendência, nenhum resultado que nós possamosobservar com relevância”, afirmou a pesquisadora.O IPCA de julho é o primeiro a ser calculado com a novametodologia do IBGE que incorpora dados atualizados dos gastos deconsumo da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003. Passaram a ser pesquisados novos itens como gás veicular,acesso a internet e multas de trânsito. Outros tiveram importância reduzida noscálculos, como jornal diário, passagens aéreas e o álcool. Ganharam maisimportância a compra de aparelhos telefônicos, microcomputador e os serviços detelefonia.O órgão também divulgou hoje o Índice nacional  dePreços ao Consumidor (INPC), que apresentou variação de 0,11% em julho, maiordo que a junho, que foi de - 0,07%. No acumulado do ano, o INPC ficou em 1,18%,sendo menor do que em igual período do ano passado (3,31%). Nos últimos 12 meses, a taxa ficou acima dos 2,79% relativosaos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2005, a taxa foi de 0,03%.