Nações Unidas iniciam ponte aérea humanitária para o Líbano

11/08/2006 - 15h36

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) iniciou uma operação aérea para levar suprimentos para a população libanesa. Segundo o porta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, a destruição de estradas e a falta de garantias de segurança inviabilizaram as ações por terra. “A ponte aérea humanitária, exatamente, foi uma opção encontrada pelo Acnur à falta de garantias para o corredor humanitário por terra”, afirmou Godinho, em entrevista à Rádio Nacional.O primeiro vôo da ponte aérea humanitária chegou ontem (10) a Beirute, capital do Líbano, com 14 toneladas de suprimentos. Os principais itens levados foram colchões, cobertores, utensílios de cozinha e galões para transportar água. De acordo com Godinho, o avião também levou doações de outras entidades, como remédios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Godinho informou que um segundo avião se aproximou da capital libanesa e teve que retornar, depois que foi negada a autorização de pouso por razões de segurança. O Acnur pretende usar duas rotas para os comboios aéreos: uma direto para o aeroporto de Beirute e outra para a ilha de Chipre, no Mar Mediterrâneo, de onde o carregamento segue de navio para o porto de Beirute.“É uma rota que está sendo respeitada, até agora, e todos esperam que continue sendo, porque ajuda as pessoas, se faz muito necessária e muito emergente”, afirmou Godinho. Nos próximos dias, outros aviões alugados pelo Acnur deverão pousar em Larnaca, no Chipre, carregados com cerca de 116 toneladas de suprimentos. A previsão é que eles cheguem a Beirute no próximo domingo (13). Os aviões sairão de Copenhague, na Dinamarca, e de Amã, na Jordânia.Desde o início do conflito, a estimativa é que mais de 900 mil pessoas tenham sido deslocadas de suas casas. Aproximadamente 700 mil  permanecem no Líbano. A Síria, principal destino dos refugiados, já recebeu cerca de 160 mil libaneses. Calcula-se que 1,5 mil pessoas cruzam diariamente a fronteira entre os dois países à procura de abrigo. “Muitas pessoas, pelos relatos das nossas equipes que estão no local, atravessam as fronteiras de pijamas, são pegas no meio da noite e têm que sair imediatamente porque não têm condições de carregar nada, carregam os filhos, os parentes. Às vezes, nem documentos pessoais conseguem carregar”, disse o porta-voz do Acnur.Do total de desabrigados, Godinho disse que cerca de 200 mil estão em situação crítica e dependem da assistência humanitária emergencial. “Nem todos necessitam desse auxílio humanitário porque muitos têm recursos próprios, têm parentes em outros países e conseguem deixar o Líbano por meios próprios”.