Suspensão das negociações em Doha pode ter sido positiva, avalia diretor do Ministério da Agricultura

04/08/2006 - 14h28

Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - A pausa nas negociações da Rodada de Doha é uma situaçãonecessária, afirmou o diretor do Departamento de Assuntos Comerciais doMinistério da Agricultura, Antônio Carlos Costa. Ele explicou que as discussõesse alongaram demais, sem propostas novas. Essa suspensão temporária, segundoele, seria interessante, porque a partir disso, os países poderiam refletir epropor novas ações no setor de agronegócios.“A suspensão do processo negociador aconteceu, mas aretomada vai ser feita em bases mais ambiciosas” afirma. Costa explica tambémque hoje as negociações dependem muito da posição americana sobre os subsídiosà produção doméstica. “Os Estados Unidos não vão querer colocar em xeque umaposição multilateral de comércio, que para eles é interessante preservar. Elesvão colocar na balança”.Costa avalia que a parada nas negociações da rodada é temporária, o que não tranqüiliza os produtores brasileiros. “O Ministério daAgricultura está preocupado com essa situação”, diz.A Rodada de Doha foi decidida na reunião da OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC) realizada em 2001, em Hong Kog, e pretendia promovera abertura do mercado global. Porém, quando o tema agrícola entrou nadiscussão, na reunião ministerial realizada em Cancun em 2003, a rodada travou.Com essas novas discussões, os países mais pobres teriam oportunidadesde exportar seus produtos com taxas menores nos países ricos.A opinião do presidente da Confederação da Agricultura ePecuária do Brasi (CNA), Gilman Viana Rodrigues, é divergente. Para ele, a suspensão das discussões éuma perda para o Brasil. “O agronegócio brasileiro precisa urgentemente de umaoportunidade de expansão. Estacionar Doha, é estacionar o crescimento dasexportações brasileiras” apontou ao final da reunião da Câmara Temática deNegociações Agrícolas Internacionais realizada, ontem (3) em Brasília.