Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - O entrave nas negociações da Rodada de Doha causa prejuízo noagronegócio, afirmou hoje o presidente da Confederação da Agricultura ePecuária do Brasil (CNA), Gilman Viana Rodrigues. Segundo ele, “estacionar asnegociações da rodada é estacionar o crescimento das exportações brasileiras”.Rodrigues vê essa suspensão como resultado de umaindisposição entre os países desenvolvidos, e que o prazo, para a retomada dasdiscussões, não será curto. Isso seria, para ele, uma má notícia.Ele lembra dos acertos realizados na última rodada, realizadano Uruguai, em 1986, quando se decidiu adotar reduções de tarifas e oprotecionismo aos produtores rurais dos países desenvolvidos, mas que, depois, oque houve realmente foi o aumento dessas taxas. “São 20 anos de intervalo semmudanças, então estamos em uma situação pior que a da reunião do Uruguai.Atrasos são sempre prejudiciais” destacou.O presidente da CNA acredita que o primeiro passo, depois dasuspensão das negociações, é pedir um painel de revisão à OMC. Esse instrumentopossibilita que o reclamante, no caso o Brasil, peça o cumprimento dos acertos.O impasse causado pelos Estados Unidos e pela UniãoEuropéia, opina, foi uma situação “ensaiada” para inviabilizar as negociaçõesda rodada, o que, para ele, deve ser investigado. “Isso jamais será provado,mas os países que se beneficiam desses processos não vão querer mudar essaregras de comércio” aponta.O diretor do Departamento de Assuntos Comerciais doMinistério da Agricultura, Antônio Carlos Costa pensa diferente. Para ele, apausa nas negociações da Rodada de Doha é uma situação necessária e atépositiva, isso porque nenhuma proposta nova apareceu. Mas acredita que asnegociações serão retomadas em breve.A Rodada de Doha começou na reunião da OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC) realizada em 2001, em Hong Kog, e pretendia promovera abertura do mercado global. Porém, quando o tema agrícola entrou nadiscussão, na reunião ministerial realizada em Cancun em 2003, a rodada travou.Com essas novas discussões, os países mais pobres teriam oportunidades deexportar seus produtos com taxas menores nos países ricos.