Manifestação lembra chacinas e pede investimentos públicos para afastar crianças do crime

28/07/2006 - 15h48

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma manifestação em memória das vítimas da Chacina da Candelária, em que oito crianças foram assassinadas por policiais, reuniu hoje (28) cerca de mil pessoas na Igreja da Candelária. Durante a manifestação também foram lembradas outros episódios violentos no estado, em que pessoas foram mortas por grupos de extermínio, como a chacina que fez 29 vítimas em março do ano passado na Baixada Fluminense e até hoje está impune.Várias entidades ligadas à defesa dos direitos humanos e representantes da sociedade civil, além de muitos jovens e crianças, fizeram uma concentração no local onde ocorreu a chacina e depois seguiram caminhando pelo centro da cidade.Os manifestantes pediram paz para o Rio de Janeiro e para países que vivem em conflito. Eles também reivindicaram investimentos do poder público nas comunidades pobres para tirar crianças e adolescentes do caminho do crime.Flávia Garcia, membro da Organização de Direitos Humanos Projeto Legal, e responsável pelo Programa Nacional de Proteção às Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte no estado do Rio de Janeiro, alertou que as chacinas são casos isolados que chamam a atenção da sociedade, “mas diariamente jovens são ameaçados e mortos principalmente vítimas do tráfico de drogas”.“Existe também uma chacina silenciosa que está matando os nossos jovens todos os dias. Esses meninos têm direitos negados desde a infância, vêm de famílias com uma situação frágil e muitas vezes acham que colocando uma arma na cintura e participando do tráfico vão conquistar seu espaço. Precisamos dar esperança para possam ter outros meios para conquistar seus espaços, como saúde, cultura e educação”, defendeu Flávia. O secretário nacional dos Direitos Humanos, Paulo Vanuchhi, também participou da manifestação. Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou que é preciso lutar contra a impunidade para que outros policiais e membros de grupos de extermínio não se sintam com “as mãos soltas” para continuar assassinando. O ministro também condenou a visão corrente de que seria preciso agir com rigor com as crianças e adolescentes envolvidas com o crime. “Se uma criança vive em condição de rua ou se envolve em delito ou conflito com a lei não é porque nasceu com DNA errado, mas porque cresce na pobreza, num ambiente familiar desestruturado. Resolve-se isso com a afirmação da responsabilidade do Estado, em parceria com a sociedade civil, para distribuir renda, fazer a inclusão social e gerar emprego”, argumentou Vanucchi.A manifestação encerrou a Semana em Defesa da Vida, que além de marcar os 13 anos da Chacina da Candelária, discutiu a defesa dos direitos das crianças e adolescentes.