Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio - As dificuldades no relacionamento entre o governo federal e os governos estaduais e municipais apresentam grande oportunidade de intermediação, que facilitam esquemas de corrupção com o dinheiro público. Aavaliação é do cientista político e professor da Universidade do Estado do Riode Janeiro, Geraldo Tadeu Monteiro. “Era o que acontecia no caso da venda deambulâncias com preços superfaturados com a empresa Planam, os parlamentares, ogoverno e as empresas”, disse em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da RádioNacional.O atual sistema político-partidário, no entendimento de Tadeu Monteiro, ainda émuito individualista e por isso há uma grande liberdade para a apresentação deemendas individuais. “Acredito que por um ato do regimento interno do CongressoNacional, poderia se disciplinar a apresentação de emendas pelos partidos”. Tadeu Monteiro reconhece, no entanto, que a medida não seria suficiente,“porque a corrupção poderia se deslocar do deputado para os partidos. Existemtambém muitas oportunidades dentro dos partidos políticos para que estesesquemas existem”. Ele defende que é preciso ter sempre muita fiscalização. “Éfácil fazer um estudo por amostragem estatística de toda a movimentaçãoirregular no orçamento público, que poderia ser detectada pela própria Câmara,para evitar que estes esquemas prosperassem”, afirmou. “É de se recordar que os chamados “Anões do Orçamento” somaram 28 pessoas, ehoje já temos 90. Acredito que o problema não esteja na Comissão Mista deOrçamento, mas em toda a administração pública brasileira, que tem inúmerasfacilidades criadas para o desvio de dinheiro público. É um problema muito maisamplo que a composição da Comissão (Mista do Orçamento)”, disse.De acordo com o cientista político, todo esquema de corrupção começa com aidentificação de oportunidades de realizações de negócios, como também ocorreem todo tipo de esquema criminoso. “A corrupção é um “grande negócio”, porque apresenta vantagens para váriaspartes, para a empresa, para os parlamentares, e mais, também para o prefeito.É uma vantagem econômica porque aparece dinheiro, mas também política, em que oparlamentar diz que conseguiu ambulâncias para municípios do seu estado e oprefeito também capitaliza politicamente”.