Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio - A partir das políticaspúblicas de estímulo à prática da agricultura orgânica, é possível que em umadécada o Brasil se torne o maior exportador do mundo. A avaliação foi feitapelo agrônomo José Carlos Polidoro, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa Solos).A concretização dessaestimativa depende de apoio político, principalmente na questão de exportaçõesligadas ao setor orgânico, com destaque para hortaliças e frutas, observou oespecialista. “Esse mercado é extremamente positivo para a entrada de maisagricultores nesse sistema”, disse.A participação da Embrapanesse processo se dá através do projeto “Desenvolvimento Tecnológico dosSistemas Orgânicos de Produção Agropecuária com Base Ecológica”, do qualparticipam cerca de 250 pesquisadores de 16 unidades da empresa e de 45instituições parceiras, inclusive privadas. O projeto foi criado em 2000 e écoordenado pela Embrapa Agrobiologia.Polidoro informou que este éo maior programa mundial de pesquisa e desenvolvimento de agricultura orgânicae está em vias de aprovação para renovação na Embrapa. O projeto se insere nosDesafios Nacionais do Agronegócio, que têm a agricultura orgânica como umgrande negócio.“A idéia desse projeto édesenvolver tecnologia, conhecimento, com participação dos produtores que jáatuam historicamente com agricultura, e dar uma base tecnológica segura paraque esse negócio atenda à expectativa do mercado, oferecendo produtos dequalidade, com rastreabilidade, tal como ocorre no mercado tradicional, mas coma característica de ser produto orgânico, com todas as vantagens previstas”,disse Polidoro.O agrônomo destacou que aprincipal vantagem para a saúde do consumidor é o fato de não se usaragrotóxicos, ou seja, defensivos agrícolas industrializados. “Essa não é umaprática na agricultura orgânica e é a que mais incorre em riscos para oconsumidor na agricultura convencional, pelo mau uso desses defensivos. Aagricultura orgânica, por não usar (agrotóxico), proporciona maior segurançaalimentar”, enfatizou.“A Embrapa entrou nisso paraque se desenvolvam sistemas de produção orgânica com agropecuários. Isso é umaevolução muito grande, porque insere tecnologia à produção de agricultores detodos os portes”, disse. O agrônomo frisou que a posição do Brasil de grandeexportador de orgânicos se dará com uma diferença muito grande em relação aosdemais países.“Enquantonos outros países a produção orgânica decorreu de uma simples substituição deinsumos, no Brasil está sendo desenvolvido um sistema participativo, nascondições tropicais, cuja base é a agroecologia. Esta é uma ciência ampla, deatuação no ambiente com vistas à sua conservação, o que dá uma idéia delongevidade. É um sistema que por si só tem uma lógica e pode se ajustar aqualquer ambiente. No caso brasileiro, a sistemas tropicais”, afirmou Polidoro.