Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Falta vontade política” para garantir aos presos provisórios o direito de votar, naavaliação do coordenador-geral de Ensino do Departamento PenitenciárioNacional, Fábio Sá e Silva. Segundo o Depen, apenas seis estados garantiram atéhoje o direito constitucional do voto nos presídios. Outros dois prometemfazê-lo a partir das eleições de outubro. “Ainda está muito no nível de vontadepolítica por parte das gestões dos estados e da Justiça Eleitoral. Outrasvezes, é preconceito e falta de fazer acontecer o voto do preso”, diz ele.Silvaconta que alguns juizes eleitorais já deram parecer contrário a pedidos decolocação das urnas alegando diversos motivos, até mesmo a impossibilidade defiscalização por parte dos partidos, que é facultativa. “Eles dizem quepossivelmente os fiscais dos partidos terão dificuldades de acesso aospresídios, portanto a eleição aconteceria sem nenhum tipo de fiscalização”,afirma.Aconseqüência da falta de vontade política, segundo Silva, é negativa. “Acomunidade política fica distante do sistema prisional. Não encontram um espaçoonde possam obter votos e também não se interessam pelos problemas dospresídios”, diz ele “O voto é mais que depositar um papel na urna, é umexercício da cidadania”, lamenta.“Àmedida que os presos ficam privados desse direito, reduzimos ainda mais acapacidade que o Estado tem hoje de intervir para que essas pessoas possam seautodeterminar mais responsavelmente e se envolvam num processo de reintegraçãosocial”, diz ele.Onão cumprimento do direito ao voto traz problemas também para o preso após sercolocado em liberdade. “Muitas vezes o sujeito não consegue justificar para aJustiça Eleitoral por que não votou, apesar de não depender da vontade dele.Quando tenta um concurso público, viajar ou qualquer outro procedimento, nãoconsegue porque está em débito”, explica Silva.