Organização aponta o narcotráfico como a principal ameaça de morte de crianças e adolescentes

25/07/2006 - 18h50

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio - A Organização de Direitos Humanos Projeto Legal, responsávelno Rio de Janeiro pelo programa do governo federal de Proteção à Criança e aoAdolescente Ameaçados de Morte, divulgou hoje (25) que mais de 60% dos casosatendidos de 2005 até hoje foram decorrentes do tráfico de drogas.  Os dados foram apresentados durante o seminárioEnfrentamento ao Assassinato de Crianças e Adolescentes que marca os 13 anos daChacina da Candelária, ocorrida no Rio.Segundo a coordenadora do programa no Rio, Flávia Garcia, desdeo início do ano passado já foram realizados 174 atendimentos, “e a ligação dasvítimas com o tráfico de drogas sempre está presente”. De acordo com Flávia, as ameaças de morte surgem peloinsucesso em uma operação em que drogas são apreendidas; roubos que sãocometidos dentro das comunidades, e até o caso de adolescentes namoradas dechefes do tráfico que são acusadas de traição.“A grande maioria vem de famílias de baixa renda e tem poucaescolaridade. Muitos, mesmo tendo ensino fundamental incompleto, não sabem nemler nem escrever, e apesar da baixa renda não são atendidos por programassociais”, afirmou. “É tão baixa a escolarização, a precariedade de informaçãodesses meninos, que eles não conseguem nem ter acesso a programas sociais.Muitos não têm nem mesmo documentos”, disse. A maior procura pelo programa vem da região metropolitana doRio e da Baixada Fluminense, e chega através dos conselheiros tutelares, doMinistério Público e da Vara da Infância e da Juventude.A principal ação do programa é retirar a vítima do local emque está exposta ao perigo, podendo deslocá-la até mesmo para outros estados emcasos extremos. Mesmo no caso de o adolescente estar cumprindo medidassócio-educativas e estar em situação de dependência de drogas não há problemasem oferecer o atendimento.Flávia Garcia apontou como dificuldades na operacionalizaçãodo programa a falta de abrigos públicos, de locais para tratamento dedependência de drogas e de escolas para as quais as vítimas possam serencaminhadas.