Missa marca 16 anos do desaparecimento de 11 jovens do subúrbio carioca de Acari

25/07/2006 - 16h09

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As  Mães de Acari promovem hoje (26) um ato religioso para marcar os 16 anos do desaparecimento e provável extermínio de 11 jovens da comunidade do subúrbio do Rio de Janeiro. Marilena Lima e Souza, mãe de Rosana Souza Santos, que fazia parte do grupo de jovens, disse que nesse tempo as investigações sobre o caso pouco avançaram.“Costumo dizer que é muito difícil transpor essa indiferença que os anos causaram. Já na época tivemos dificuldade, porque eram policiais investigando policiais”, explicou Marilena.O grupo de oito mães era liderado até 1993 por Ediméia Silva Euzébio, assassinada em 23 de janeiro daquele ano, quando saía de um presídio onde tinha ido ouvir o relato de um dos presos sobre o caso. Depois disso, o grupo se dispersou e  agora o trabalho para localizar os corpos dos jovens vem sendo tocado  apenas por Marilena e Vera. Elas estão com problemas de saúde, depressão e diabetes, o que dificulta as ações. “Nosso objetivo é achar os corpos. Temos pleiteado uma pensão do Estado e temos que achar os corpos e comprovar que policiais participaram da chacina”, afirmou.O caso aconteceu na noite de  26 de julho de 1990. Os jovens estavam num sítio, na localidade de Suruí, no município de Magé, na Baixada Fluminense, quando desapareceram. Denúncias apontaram o envolvimento de  policiais, mas nada foi comprovado. A última  pista foi seguida em 2005 e incriminava um policial civil conhecido como “Peninha”,  que trabalhava na delegacia do bairro de Anchieta. Segundo um detento, os corpos teriam sido enterrados num sítio do policial, próximo ao sítio ocupado pelos jovens. Escavações foram feitas pela Delegacia de Homicídios, mas nada foi encontrado. O policial já morreu e o preso que fez a denúncia  cumpriu o tempo da  pena e não foi mais encontrado.Ao longo desses anos, as Mães de Acari criaram o Centro Cultural Areal, na favela de Acari, oferecendo cursos, palestras e práticas esportivas para tirar crianças e jovens da rua. Atualmente o trabalho é desenvolvido por pessoas da comunidade.